POSSE RESPONSÁVEL X CIDADANIA

O proprietário responsável e o cão-cidadão.

O conceito de posse responsável está intimamente ligado à harmonização do convívio entre os animais e o ser humano. Um proprietário responsável cuida da saúde e do bem-estar de seu cão ao mesmo tempo em que protege a saúde e o bem-estar de seu vizinho, evitando que seu melhor amigo assuste pessoas (com latidos e rosnados) ou transmita parasitos em ambientes freqüentados por toda sorte de gente e bichos. Um proprietário responsável educa e socializa seu cão para que ele não pule nos outros, não agrida crianças passeando de bicicleta, entre outras coisas que facilitariam muito o convívio de todos que gostem ou não de animais. Nem todo mundo precisa gostar de bicho, mas todos precisam respeitar o próximo. Nunca devemos esquecer que nosso direito acaba onde o do outro começa.

Seja um proprietário responsável e tenha o insuperável orgulho de ter um cão educado.

O conceito de Posse Responsável também é fundamentado no respeito ao próximo, seja ele um cão, um gato ou um ser humano. As pessoas de sua comunidade, por exemplo: o seu direito termina exatamente onde o delas começa. Você pode gostar muito de seu cão, mas não é certo, por exemplo, deixá-lo evacuar em vias públicas sem remover e dispensar suas fezes de forma higiênica e adequada. Da mesma forma que é direito de seu cão fazer suas necessidades fisiológicas durante o passeio, é direito de seu vizinho não pisar nas fezes de animais.

Não é difícil entender o que é respeito. Coloque-se no lugar do outro, sem sentir-se superior a ele, e completamente despido de preconceitos ou rancores. Mentalize, apenas por alguns instantes, que você não é você, mas sim seu cão, seu gato ou seu vizinho. Agora imagine o que é:

  1. Passar o dia inteiro amarrado a uma corda, na laje de uma casa, sob o sol intenso de 40°C, sem qualquer abrigo à sombra; imagine-se no lugar desse cão. Você provavelmente morreria de insolação. O PROPRIETÁRIO RESPONSÁVEL RESPEITA A SAÚDE E O BEM-ESTAR DE SEUS ANIMAIS.
  2. Ser morador de um apartamento onde se pode sentir, por todo o andar do prédio, o odor de urina e fezes do cão do vizinho, preso o dia inteiro em casa, sem chance de se aliviar em outro lugar. O PROPRIETÁRIO RESPONSÁVEL ZELA PELA SAÚDE E HIGIENE FÍSICA E MENTAL DE SEUS ANIMAIS PARA GARANTIR SEU BEM-ESTAR E O DE SEUS VIZINHOS.
  3. Ter seis filhotes a cada três meses, ou 36 filhotes ao ano, e sofrer, além de um enorme desgaste físico, o estresse de ser separada da ninhada recém-nascida, que será abandonada dentro de uma caixa na primeira praça que seu dono encontrar. O PROPRIETÁRIO RESPONSÁVEL CASTRA SEUS ANIMAIS PARA EVITAR A POPULAÇÃO URBANA EXCEDENTE DE CÃES E GATOS, QUE REPRESENTA RISCOS À SAÚDE PÚBLICA.
  4. Ser a mãe ou o pai de uma criança mordida por um cão não vacinado contra raiva, uma doença incurável e letal. Durante o período de observação do animal, os pais terão de ir várias vezes a postos de vacinação para fazer a profilaxia da raiva; a criança poderá desenvolver fobia de animais; e, na pior da hipóteses, poderá morrer da doença, caso o animal agressor seja positivo. O PROPRIETÁRIO RESPONSÁVEL VACINA SEUS ANIMAIS CONTRA A RAIVA E OUTRAS DOENÇAS TODOS OS ANOS.

Muita gente não sabe, mas o veterinário é um profissional de Saúde Pública da maior importância. Quando castra um animal, ele está evitando superpopulação de filhotes, que despeja milhares de animais nas ruas todos os anos. Animais abandonados à própria sorte em logradouros públicos têm potencial para transmitir doenças importantes à população humana e animal dos locais por andam transitam. O abandono de animais, pela crueldade e pelo desrespeito à Saúde Pública que encerra, é proibido por leis federais e municipais, mas é apenas uma pequena ponta do iceberg da negligência humana na posse e condução responsável de seus animais.

Como formador de opinião e cidadão consciente de seu papel na sociedade, todo médico veterinário deveria passar a seus clientes noções primordiais de posse responsável.

Não devemos nunca culpar um animal pelas atitudes de seu dono. O animal é inimputável, mas seu dono, não: ele pode responder judicialmente por crimes ambientais (de maus tratos, exemplo) e até penais, como ocorre na condução negligente de um animal agressor.