CAIS DA IMPERATRIZ - PORTAL DOS PRETOS NOVOS
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

PORTAL DOS PRETOS NOVOS - Projeto de Museu a Céu Aberto

Com as descobertas em 1996 de remanescentes do antigo Cemitério dos Pretos Novos no Bairro da Gamboa, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, inicia em 2002 uma série de estudos e propostas de intervenção, com o objetivo da valorização da cultura negra e da sua memória representada nos achados arqueológicos.

Em 2001, a Secretaria Municipal das Culturas, através do Arquivo Geral da Cidade e Departamento Geral de Patrimônio Cultural, em parceria com o Instituto de Arqueologia Brasileira, organizou uma Exposição e um Simpósio Internacional sobre os remanescentes arqueológicos do Sítio Cemitério dos Pretos Novos - Gamboa, no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Em continuidade, pretende-se realizar escavações arqueológicas sistemáticas em locais onde poderão ser encontrados novos vestígios do antigo Cemitério.

Este Projeto Portal dos Pretos Novos propõe viabilizar ações de preservação e divulgação da memória da matriz africana no Rio de Janeiro. O objetivo central é demarcar as influências da cultura afro-brasileira no território da cidade do Rio de Janeiro, em especial no bairro da Saúde e Gamboa, utilizando-se do conceito de "Museu a Céu Aberto". Os Objetivos Específicos são:

•  Criar o Museu a Céu Aberto - Portal dos Pretos Novos;

•  instalar, na Praça Jornal do Comércio, situada à rua Barão de Tefé, uma das portas de acesso à cidade colonial de São Sebastião do Rio de Janeiro, um Portal, onde serão referenciados e homenageados os africanos escravizados que não sobreviveram à travessia atlântica em navios tumbeiros, sendo enterrados no secular e desconhecido Cemitério dos Pretos Novos (rua Pedro Ernesto); ou seja, homenagear os que faleceram, porém de forma positiva: sublinhando os traços da cultura (material e imaterial) deixados pelos que sobreviveram à diáspora africana.

•  instalar um sistema de sinalização interpretativa e indicativa da presença da cultura africana na região, com a criação de mapas indicativos a serem instalados, tanto na Praça Jornal do Comércio, como em cada um dos locais onde se encontram vestígios ou ocupações dessa cultura, para além do espaço da praça: os diversos sítios históricos que entre a Pedra do Sal, o Jardim do Valongo, as igrejas, a fundição, etc, apontam diversos fragmentos dessa cultura na cidade.

O Portal, a ser instalado na Praça do Comércio propõe-se ser uma representação da porta de acesso da população africana escravizada à Cidade do Rio de Janeiro, um primeiro marco para se estabelecer uma interligação com todo o conjunto de marcos históricos, os quais evocam a cultura de matriz negra na região. Na pesquisa preliminar foram identificados os seguintes locais como marcos históricos a serem sinalizados, tanto em roteiros de visitação impressos, como em mapa a ser fixado na Praça do Comércio:

•  Centro Cultural José Bonifácio - inclui na sua programação diversas ações relacionadas à cultura negra, e que poderia tornar-se Centro de Referência de estudos desta cultura. Prédio em estilo neoclássico, foi projetado por Francisco Joaquim Bethencourt da Silva e concluído em 1877 para abrigar a Escola Municipal José Bonifácio. Os recursos que viabilizaram o empreendimento foram resultado de doações destinadas originalmente à construção de uma estátua em homenagem a D. Pedro II, após a guerra do Paraguai. Por determinação do imperador, tais recursos passaram a ser aplicados na construção de escolas. Sés estátuas de fundições do Val D'osne, França, podem ser vistas no prédio (Bem tombado municipal em 14 11 1983 - Rua Pedro Ernesto, 80)*;

•  Cemitério dos Pretos Novos foi descoberto acidentalmente durante escavações para executar fundações de acréscimo na casa de nº 36 da Rua Pedro Ernesto, na Gamboa. Descobriu-se que o Cemitério ocupava área maior e que o portão original de acesso está na casa de nº 40 da mesma rua. O local foi reconhecido pelo IPHAN como sítio arqueológico.

•  Trapiche do Valongo - Atracadouro que servia, desde os fins do século XVIII, aos navios negreiros para o desembarque de escravos (provavelmente localizado, hoje, sob a propriedade do Moinho Fluminense);

•  Valongo e Valonguinho - para onde foi transferida a comercialização dos escravos nos fins do século XVIII. O Valongo era onde concentrava-se o mercado dos Pretos Novos (àqueles recém chegados do continente africano), localizava-se junto à Prainha, em local que, com o aterro do porto, deve hoje ficar sob a praça da Harmonia. Já o Valonguinho era o prolongamento deste mercado, em meados do século XIX deu lugar à Praça Municipal, e no início do XX passou a se chamar Praça do Comércio;

•  Morro e Jardim do Valongo - teve origem no século XVIII, provavelmente ligada às atividades comerciais das redondezas, que tinham como principal mercadoria o africano escravizado. O jardim foi projetado pelo paisagista Luiz Rey na gestão do prefeito Pereira Passos (Bem tombado federal em 30 06 38)*;

•  Fundição Manoel Lino Costa - construída na virada do séc. XIX, representativa de atividade que constantemente empregava escravos. Característica de construção que aconteceu na cidade na virada do século XIX, a fachada do prédio tem linguagem arquitetônica rica em ornamentos, como flores, medalhões e guirlandas, prolongando-se até a platibanda. (Bem tombado municipal em 23 08 1986 - Rua Sacadura Cabral, 152 e154);*

•  Pedra do Sal - famoso por ser ponto de encontro de sambistas, o lugar recebeu este nome porque o sal era descarregado dos navios nas redondezas. No século XIX, o bairro era habitado por baianos e africanos recém-chegados ao Rio. A maioria deles trabalhava como estivador no porto e morava nessa zona de ruas tortuosas e becos. Junto à pedra que emerge entre o casario, nas escadinhas escavadas na rocha e que servem de caminho aos moradores do morro da Conceição, logo acima, surgiram os primeiros ranchos carnavalescos. (Bem tombado estadual em 11 05 1987 - Rua Argemiro Bulcão) * .

Portal dos Pretos Novos
Portal dos Pretos Novos
Portal dos Pretos Novos
Portal dos Pretos Novos

 

••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••