PALACETE PRINCESA ISABEL - ANTIGO MATADOURO DE SANTA CRUZ
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Fachada principal
O palacete, de aspecto neoclássico, foi inaugurado em dezembro de 1881, com a presença do Imperador Pedro II, para funcionar como sede administrativa do matadouro público, na área da antiga Fazenda Imperial de Santa Cruz.

Em 1886, algumas salas abrigaram a  Escola Santa Isabel para os filhos dos trabalhadores do matadouro. No início da República, o matadouro tornou-se tecnologicamente defasado e aos poucos, a escola foi ocupando todo o palacete.

Em 1921, com o nome de Escola Estados Unidos, ali eram ministrados cursos práticos e teóricos de agricultura, apicultura e trabalhos manuais, consolidando assim o uso educacional e cultural. Durante cerca de quarenta anos a instituição dedicou-se ao ensino técnico, recebendo, em 1946, o nome de Escola Princesa Isabel.

Na década de 70, o prédio encontrava-se em condições bastante precárias e a escola foi transferida para outra edificação, especialmente construída nos fundos do terreno.

A antiga sede administrativa do Matadouro Público de Santa Cruz, considerada patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro por suas características arquitetônicas e importância histórica, foi tombada em maio de 1984, pelo Decreto Municipal nº4.538.

Desde 1993 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro promove obras de restauração, adequação de uso, pesquisa arqueológica e educação patrimonial.

O Projeto e as Obras de Restauração e Adequação de Uso foram executados sob a orientação da Secretaria Municipal de Patrimônio Cultural, atual Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design (SUBPC) da Secretaria Municipal de Cultura, com fiscalização da Riourbe.

A proposta visa a preservação do monumento para as gerações futuras e a sua reinserção no cotidiano da comunidade através da implantação do Centro Cultural Princesa Isabel, que abrigará  a sede do Ecomuseu, um auditório multi-uso, a Biblioteca Popular de Santa Cruz – Joaquim Nabuco, salas de exposição, cursos, oficinas, música  e dança.
           
Escavações arqueológicas
Futuro auditório

As obras executadas foram:

 Área Externa:

  • Tratamento paisagístico;
  • Execução de iluminação monumental externa, inclusive do logradouro;
  • Recuperação dos muros e gradil;
  • Construção de cisterna e instalação de caixa d´água com Reserva técnica de incêndio (RTI);
  • Recomposição das canaletas de drenagem;
  • Execução de novo calçamento com rampas visando acessibilidade plena.

Pintura decorativaÁrea Interna

  • Execução de lajes pré-moldadas no 2º pavimento;
  • Execução das instalações prediais: elétricas, hidro-sanitárias, Sistema de Proteção contra Incêndio (SPCI), infra-estrutura de ar-condicionado;
  • Execução de pintura e recuperação dos revestimentos;
  • Recuperação dos pisos e tetos;
  • Execução de mezanino para a implantação de camarins e vestiários de funcionários;
  • Instalação de elevador;
  • Complementação das escadas em perfil metálico.

Fachadas e Prismas

  • Recuperação das fachadas;
  • Recomposição beirais e elementos decorativos em argamassa;
  • Recuperação das esquadrias de madeira, inclusive ferragens;
  • Recuperação das grades de janelas.
Detalhe da esquadria

Cobertura

  • Revisão da cobertura, inclusive madeiramento;
  • Execução  de acesso à cobertura para manutenção.

Ação Educativa. A ação educativa no Palacete Princesa Isabel consistiu no seminário “ Nas Terras de Santa Cruz: História, Arqueologia e Restauração” organizado pela SEDREPAHC, atual SUBPC, e 10ª Coordenadoria Regional de Educação, contando com a presença de mais de 120 pessoas. Dentre as palestras proferidas destacamos a de Odalice Miranda Priosti, museóloga que reproduzimos a seguir.

“ECOMUSEU: “DAS TERRAS DE PIRACEMA AO ECOMUSEU COMUNITÁRIO DE SANTA CRUZ: a dimensão político-cultural de um processo museológico comunitário”

Síntese da história de Santa Cruz, bairro da Cidade do Rio de Janeiro, localizado na Zona Oeste, oriundo da Fazenda Jesuítica, Real e Imperial em suas fases diferenciadas. A trajetória da Fazenda foi política e economicamente marcada pela presença do Rei D. João VI, à qual conferiu status de sede do poder em suas temporadas de veraneio, religando-a ao Paço de São Cristóvão, por meio da revitalização da Estrada Real de Santa Cruz. 

Após o período joanino, a intermitência do poder imperial em Santa Cruz assinala a presença da Corte em significativos momentos, desde as festas pela Independência, os saraus promovidos por D. Pedro I, a inauguração do Matadouro por D.Pedro II e as visitas de cientistas e artistas estrangeiros, acompanhando o monarca e legando belas iconografias e outros registros da Fazenda.

O esvaziamento e ocaso político da Fazenda, conseqüente à proclamação da República, compensado mais tarde pelo desenvolvimento trazido pelo Matadouro, precede um novo surto revitalizador com a criação do Distrito Industrial, na década de 60, que viria para suprir a economia do recém-criado Estado da Guanabara, após a mudança da capital do Brasil para Brasília. Assolada por violentas transformações no seu perfil psicossociológico, a comunidade local passa a se mobilizar em defesa de seus bens patrimoniais (naturais e culturais) e da história e cultura locais, a partir da fundação do NOPH – Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica em 1983, movimento que hoje é assumido e reconhecido como  Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro.  Por meio da experiência de ecomuseu urbano, Santa Cruz conhece um novo momento de integração e reconhecimento no processo político-cultural da cidade e se torna uma referência na museologia contemporânea, fazendo evoluir conceitos e desenvolver museologia e museografia adequadas a sua realidade. (autoria de Odalice Priosti)

 

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