REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA TIRADENTES - CENTRO
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Uma das regiões mais representativas na vida e na formação da personalidade carioca passa por um ambicioso projeto de revitalização. A Praça Tiradentes e alguns quarteirões à sua volta são o foco de uma parceria que congrega a Prefeitura do Rio, através da Secretaria de Fazenda e da Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design da Secretaria de Cultura; o Governo Federal, através do Ministério da Cultura e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, dentro do Programa Monumenta.

Dez grandes intervenções conduzem a revitalização

  • Conjunto Escultórico/Estátua de Dom Pedro I - restauração do conjunto de esculturas da praça já concluída;
  • Solar do Visconde do Rio Seco - Praça Tiradentes, 67 - restauração do Solar e transformação de uso para abrigar Centro de Referência do Artesanato Brasileiro - SEBRAE - obra em execução;
  • Igreja do Santíssimo Sacramento - Avenida Passos, 50 - restauração de fachadas e telhados – obras em execução;
  • Rua Gonçalves Ledo n° 5 – restauração, por meio de financiamento, de fachadas, telhados e reforço estrutural, para manutenção dos usos comerciais – e n° 11 – restauração integral do imóvel com resgate das características originais para implantação de uso cultural;
  • Casa de Bidu Sayão - Praça Tiradentes, 48, e Rua Luis de Camões, 57 - restauração e adaptação de uso para abrigar áreas de exposição de arte – obra já concluída;
  • Fachada e Telhado do Teatro Carlos Gomes - Praça Tiradentes, 19 - obra já concluída;
  • Praça Tiradentes, 71 - reconstrução da ruína existente e adaptação de uso cultural -obra já concluída;
  • Pilotos Habitacionais - Rua Regente Feijó, 57 e 62 - transformação para uso misto: 11 unidades habitacionais no 1° pavimento e comerciais no térreo - obra a concluir;
  • Anexos do Centro de Artes Hélio Oiticica - Rua Luís de Camões, 74 e 76 - reconstrução da ruína existente para criação de um centro cultural/comercial e de apoio ao Centro de Arte Hélio Oiticica;

O projeto abrange, ainda, a Reurbanização da Praça Tiradentes e ruas do seu contorno (obras em execução) e reordenará o sistema de tráfego e circulação de transporte urbano, objetivando a melhoria da acessibilidade do pedestre e a requalificação urbana adequada ao patrimônio histórico. O resultado será o incremento da utilização da região pelos moradores e turistas.

Mais do que simplesmente preservar construções e estátuas, o projeto vem reabilitando de forma sustentável essa região histórica do Centro da Cidade, relacionando a recuperação dos edifícios e do espaço público a formas de ocupação e exploração - residencial, cultural e comercial -, que levam ao desenvolvimento econômico, social e cultural já perceptível na região. Sempre levando em conta a os usos tradicionais e potencialidades locais.

As obras devem terminar no final de 2010.

Os levantamentos e estudos para a revitalização da região da Praça Tiradentes começaram em 1996, sob a coordenação do Departamento Geral de Patrimônio Cultural do Município (DGPC). Em 2001, as primeiras obras foram iniciadas. Além do Rio, o Monumenta prevê ações e convênios em outras 83 cidades históricas brasileiras.

Dentro do espírito do Programa, que procura integrar o patrimônio à vida social e econômica do local, um grupo de artistas residentes já ocupa a casa nº 41 da Praça Tiradentes. Além disso, cursos gratuitos para qualificação profissional de pedreiros, canteiros, carpinteiros, ferreiros, estucadores e pintores, com ênfase na recuperação de antigas construções - e que têm como sala de aula os canteiros de obras- já formaram a quarta turma de assistentes de conservadores e restauradores, somando um total de 220 (duzentos e vinte.) assistentes, através de parcerias diversas, entre elas com o Centro de Artes Calouste Gulbenkian e empresas de construção e restauração arquitetônica.

Além dos investimentos em ação nos imóveis acima destacados pelo Programa Monumenta, há o Financiamento para reformas de fachadas, coberturas e reforço estrutural de imóveis privados localizados na Área do Projeto Tiradentes, com recursos do Monumenta. Esta ação visa incrementar a revitalização física em execução pelo Programa, além de contribuir para a sustentabilidade do Projeto, uma vez que o retorno dos recursos emprestados a proprietários ou locatários de imóveis privados será aplicado no Fundo de Preservação Projeto Tiradentes para ser reinvestido na manutenção e conservação de bens tombados existentes na área do Projeto, além de viabilizar novos financiamentos para obras em imóveis privados.
Com a recuperação dessa parte importante de nossa cidade - não com um olhar meramente saudosista, mas com objetivos de melhoria da qualidade de vida da população e a integração do patrimônio à vida cultural e econômica dos cariocas -, o Programa de Revitalização da Praça Tiradentes será um marco na história carioca.

Do Rocio à Praça Tiradentes

Por mais variadas que sejam as origens das grandes cidades do mundo, uma coisa praticamente todas elas têm em comum: expandiram-se em torno dos locais em que se faziam as trocas e transações comerciais. E se na Europa esses centros comerciais ancestrais estavam quase sempre nas proximidades de castelos e fortificações, no Rio de Janeiro, o ponto de encontro entre atacadistas, agricultores e vendedores era um grande rocio (ou roça abandonada), a meio caminho entre o cais do porto e a zona rural da cidade, ao largo do Morro do Castelo - que concentrava e protegia, pelos idos do século XVI, as moradias da gente importante da cidade. O centro desse grande descampado, que costumava ficar inundado durante a estação mais chuvosa e onde se armava uma grande e permanente feira, é hoje o que conhecemos por Praça Tiradentes.

Até o descampado virar praça com o apelido do mártir, outros tantos nomes batizaram aquele espaço: Rocio Grande, Largo do Pelourinho, Terreiro da Polé, Campo da Cidade, Campo dos Ciganos - que lá se instalaram quando, expulsos de Portugal, vieram para estas bandas. Chamou-se também Praça da Constituição - D. Pedro I, assumindo o posto de Príncipe Regente, jurou fidelidade à Constituição de uma das varandas do Real Teatro São João (casa que hoje, em lugar do santo, homenageia o ator João Caetano). Desde 1892, centenário da morte do líder da Inconfidência Mineira, a praça traz o nome de Tiradentes.

Centro da região que concentrava a maior parte dos teatros cariocas do século XIX às primeiras décadas do século XX, a Praça Tiradentes foi, literalmente, o palco da evolução da dramaturgia brasileira e de todos os nossos principais atores e autores da época. Do drama clássico às críticas bem-humoradas das revistas, a cultura e a vida nacional desfilaram por aqueles letreiros e calçadas.

Um de seus marcos principais, o Monumento a D. Pedro I, nasceu de um concurso entre artistas nacionais e estrangeiros, em 1885. O vencedor, o brasileiro Maximiano Mafra, teve seu projeto executado em Paris pelo especialista Louis Rochet - que chegara em terceiro lugar no mesmo concurso e que tinha entre seus aprendizes um então jovem promissor chamado Auguste Rodin. Foi justamente em torno da estátua, inaugurada em 1862 por D. Pedro II, que surgiu a praça propriamente dita, preenchida por belos jardins.

Outro destaque, o Solar do Visconde do Rio Seco, ganhou projeção com a vinda de D. João VI e sua corte para o Brasil, em 1808. Comprado pelo Visconde, tesoureiro da Casa Real, o solar se tornou cenário de grandes acontecimentos sociais e festas monumentais. Como todos os bens incluídos no projeto, ele será totalmente restaurado e integrado à vida de nossa cidade.

As intervenções, passo a passo

1- Conjunto Escultórico

Praça Tiradentes

O monumento a D. Pedro I, inaugurado em 1862, foi confeccionado na França por Louis Rochet e seu estagiário Auguste Rodin. Foi o primeiro monumento levantado na cidade, e é o maior da América Latina. Em 1865 inseriram-se alegorias que representavam as quatro virtudes das nações modernas: A Justiça, A Liberdade, A Igualdade e A Fidelidade. Monumento tombado federal, estadual e municipal.

A restauração ocorreu de janeiro a novembro de 2005 tendo sido inaugurada em março de 2006 com um investimento na ordem de R$ 480.000,00. Foram recompostos a estátua equestre de D. Pedro I incluindo seu embasamento e piso de base em mosaico de pedra mármore branco e preto; o gradil em ferro fundido que a contorna e as quatro estátuas A Justiça, A Liberdade, A Igualdade e A Fidelidade, as quais se encontravam na Praça Nª Sra. Da Paz (Ipanema-RJ) e foram devolvidas à Praça durante esta intervenção. Acompanhou a restauração artística a execução de nova iluminação de destaque dos monumentos projetada pela RIOLUZ com a assessoria da 6ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

 

Estátua de Dom Pedro I na Praça Tiradentes
Estatuária da Praça Tiradentes

2. Prédio em ruínas

Praça Tiradentes, 71

Desapropriado pelo Município do Rio de Janeiro, apresentando fachada remanescente do casario contíguo ao Solar do Visconde do Rio Seco. Foi a sede do Real Centro da Colônia Portuguesa no Brasil. A obra de reconstrução, que comprometeu recursos na ordem de R$ 960.000,00 e foi inaugurada em fevereiro de 2008, adaptou-o para abrigar as atividades de apoio do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro que será gerido pelo SEBRAE e ficará sediado no Solar do Visconde do Rio Seco, cuja obra ainda não está concluída. 

O novo edifício abriga, de forma despojada e flexível, espaços de auditório, café, loja/livraria e áreas para atividades administrativas e de apoio. O partido adotado na intervenção foi o de promover a recomposição volumétrica do edifício arruinado levantando, sobre o embasamento remanescente em pedra restaurado, nova edificação com estrutura metálica e fachada em ferro e vidro que guarda estreita relação de proporção e ritmo com a fachada original hoje inexistente, marcando um novo momento do edifício.


Obra Tiradentes, 71

3. Casas da Gonçalves Ledo

Rua Gonçalves Ledo 5, 7 e 9

Imóveis de propriedade particular, tombados pelo IPHAN em 1980, por serem remanescentes de grande valor da arquitetura colonial no Brasil. O projeto prevê a consolidação das características e dos usos originais. Terão suas fachadas e telhados recuperados com recursos do Financiamento do Programa Monumenta.

Rua Gonçalves Ledo 11

Imóvel em desapropriação pelo Município do Rio de Janeiro é tombado pelo IPHAN em 1980 por ser remanescente de grande valor da arquitetura colonial no Brasil. Terá suas características originais recuperadas – fachadas, telhados e estrutura interna – para abrigar uso cultural.

4. Casa de Bidu Sayão

Praça Tiradentes, 48, e Rua Luís de Camões, 57

Edificações contíguas e de propriedade do Município do Rio de Janeiro. Na edificação da Praça Tiradentes morou, até os cinco anos de idade, a cantora lírica Bidu Sayão. A edificação da Rua Luís de Camões foi pouco alterada e ainda abriga pinturas murais. O projeto visa a criação de galerias arte e de um corredor cultural que vai ligar a Praça Tiradentes ao Centro de Artes Hélio Oiticica.

A primeira etapa da obra, realizada em 2003 no valor de R$ 102.000,00, contemplou os serviços de conservação e recomposição da cobertura e adaptação da estrutura e alvenarias para o novo programa proposto. A segunda etapa da obra teve como objetivo a restauração das fachadas e execução das instalações prediais e revestimentos internos. A obra foi concluída em dezembro/2008 e o investimento total nesta ação foi de R$ 670.000,00.

 

Casa Bidu Sayão

5. Piloto Habitacional I

Rua Regente Feijó, n° 62

Edificação desapropriada pelo Município do Rio de Janeiro. Imóvel típico de implantação em esquina, do início do século XIX, com fachadas ritmadas por vãos regulares, em ordem clássica e sem ornatos. Preservada pela legislação do Corredor Cultural do Município, abrigará unidades habitacionais e comerciais.

A obra será viabilizada através da parceria entre o Programa Monumenta, a Caixa Econômica Federal e as Secretarias Municipais de Cultura e da Habitação.

6. Piloto Habitacional II

Rua Regente Feijó, n° 57

Edificação desapropriada pelo Município do Rio de Janeiro. Imóvel típico de meio de quadra atualmente em ruína resguarda apenas parte da fachada principal. Preservado pela legislação do Corredor Cultural do Município, abrigará unidades habitacionais e comerciais.

A obra será viabilizada através da parceria entre o Programa Monumenta, a Caixa Econômica Federal e as Secretarias Municipais de Cultura e da Habitação.

7. Solar do Visconde do Rio Seco

Praça Tiradentes, 67 - Centro

Imóvel de propriedade do Estado do Rio de Janeiro, cedido ao Município. Construído em fins do século XVIII, apresenta volumetria atual com fachada de desenho neoclássico, resultante da reforma ocorrida em 1873. É tombado pelo Município, Estado e Federação, e abrigará o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro a ser gerido pelo SEBRAE.

A primeira etapa da obra, que contempla a restauração do imóvel através da consolidação das estruturas e da cobertura; da restauração dos espaços internos e das fachadas teve início em maio de 2004 e tem a sua finalização a cargo do SEBRAE. A segunda etapa da obra, que também será realizada pelo SEBRAE, deverá contemplar a implantação do uso proposto com as adaptações necessárias para seu funcionamento.

 

Solar do Visconde do Rio Seco

8. Igreja do Santíssimo Sacramento

Avenida Passos, 50

Pertence à Irmandade do Santíssimo Sacramento. Construção iniciada em 1816 e concluída em 1859. Diante de seu altar, D. Pedro I foi sagrado e coroado como 1º Imperador do país. A igreja, tombada pelo IPHAN em 1938, terá fachadas e telhados recuperados pelo Projeto Tiradentes.

As duas primeiras etapas da obra foram executadas em 2003 e 2005/2006 com a execução parcial da restauração das fachadas e conclusão da restauração dos telhados, respectivamente, nas quais foram empregados recursos na ordem R$ 550.000,00. A terceira etapa, que visa a conclusão da restauração das fachadas, encontra-se em execução com conclusão prevista para setembro/2010.

 

Igreja do Santíssimo Sacramento

9. Teatro Carlos Gomes

Praça Tiradentes, 19

Tradicional casa de espetáculos do Rio de Janeiro, inaugurada em 1872 como Teatro Cassino Franco-Brasileiro, recebeu diversos nomes até ser conhecido como Teatro Carlos Gomes. Após um grande incêndio em 1929, foi totalmente reconstruído em estilo art-déco.

A obra de restauração dos telhados e fachadas ocorreu de abril de 2004 a julho de 2005 na qual foram empregados recursos na ordem de R$ 220.000,00. A restauração das fachadas recompôs as esquadrias de madeira e padronizou as caixas de ar condicionado de modo a compatibilizar os novos equipamentos às características arquitetônicas do bem tombado municipal.

 

Teatro Carlos Gomes

10. Anexos do Centro de Arte Hélio Oiticica (CAHO)

Rua Luís de Camões, 74 e 76

Edificações em processo de desapropriação pelo Município do Rio de Janeiro. Abrigavam a Imprensa Comunista, até serem incendiadas pela polícia do governo de Getúlio Vargas. Hoje estão em ruínas, apenas com as fachadas remanescentes. O projeto prevê o uso cultural, comercial e de apoio ao CAHO.

 

Anexos no centro de arte Hélio Oiticica

11. Financiamento de Imóveis Privados

A primeira obra financiada em imóveis privados com recursos do Programa Monumenta teve início em julho de 2007 e foi concluída em março de 2008 no imóvel de n° 20 da rua D. Pedro I, nas imediações da Praça Tiradentes, onde funcionará o Centro Cultural e gastronômico Fuzuê. O segundo contrato de financiamento foi assinado em abril de 2008 para recuperação das fachadas e telhados do imóvel sito à Praça Tiradentes n° 18 e 20, esquina com a rua Sete de Setembro, onde funciona a escola de dança do Centro Cultural Carioca e cuja obra terá início em breve.

Outros imóveis da área deverão, em breve, receber recursos. Os próximos a terem seus contratos de financiamento assinados são Rua da Carioca n° 55 e rua do Senado n° 45.

Foi lançado em 2009 o terceiro edital de seleção para novos financiamentos. Até o final do ano de 2010, pretende-se comprometer o montante de R$ 1.800.000,00 com novas obras em imóveis privados.



Pedro I, 20 - imóvel privado em restauração

 

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