Num
momento onde o mundo se aflige com as conseqüências
do efeito estufa, a notícia de esforços voltados
para a preservação de espécies vegetais
e animais soa como um bálsamo. Nessa perspectiva, o
14º aniversário do Projeto Flora Litoral, da Prefeitura
do Rio, pioneiro e referência nacional na produção
de mudas de vegetação típica de restinga,
incluindo mudas de espécies ameaçadas de extinção,
renova as esperanças de um futuro melhor.
As
primeiras idéias desse projeto surgiram, de fato, em
1992, quando a Fundação Parques e Jardins –
FPJ - despertou o interesse pela recuperação
de áreas degradadas dos parques naturais municipais
de Marapendi e Bosque da Barra. As primeiras ações
efetivas, no entanto, começaram em 1993, com um programa
de seleção e coleta de sementes e produção
de mudas no Horto Central da FPJ, na Taquara, em Jacarepaguá,
cuja produção foi transferida, no ano seguinte,
para um espaço maior. Foi, então, inaugurado
o Horto Carlos Toledo Rizzini, assim batizado em homenagem
ao botânico morador da Barra da Tijuca que estudou plantas
de restinga. Localizado no Bosque da Barra, o horto dispõe
de uma área de 7.000m². Ao longo de todos esses
anos de atividade, já foram produzidas mais de 760
mil mudas de 133 espécies de restinga, sendo 27 delas
ameaçadas de extinção no Município
do Rio de Janeiro.
Desde
1995 até hoje, as equipes especializadas desenvolvem
um trabalho intenso para restauração de áreas
degradadas de restinga localizadas nos parques naturais municipais
Bosque da Barra (ex-Arruda Câmara), Chico Mendes, Marapendi,
Grumari, Refúgio Biológico da Sernambetiba e
canteiros centrais do Autódromo Nelson Piquet, onde
já foram plantadas 309.882 mudas.
O
Horto Carlos Toledo Rizzini conta com um laboratório
de sementes, equipado com estufas e câmaras de germinação,
onde são realizados estudos, como testes de germinação
sob condições controladas, e produzidas as mudas
para o plantio em áreas degradadas, possibilitando
a restauração do ecossistema. Sua produção
mensal atual é de 20 mil mudas.
Estas
mudas de plantas de restinga também são utilizadas
no paisagismo e na arborização urbana, uma vez
que grande número de espécies nativas de restinga
também tem potencial ornamental. Muitas destas mudas
são utilizadas pela Fundação Parques
e Jardins e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na arborização
de diversas áreas da cidade, tornando mais agradável
o espaço público. Esse tipo de uso também
constitui uma estratégia de preservação
dessas espécies, despertando a atenção
da população para a beleza e diversidade da
nossa flora.
Além
dessas ações, a equipe do Projeto Flora Litoral ainda
supervisiona áreas adotadas em parceria com a iniciativa
privada, como trechos do Parque Marapendi sob os cuidados dos condomínios
Parque Palace, Mundo Novo, Crystal Lake e Clube Ginástico
Português, na Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.
Espécies
de Restinga ameaçadas de extinção
cultivadas pelo Flora Litoral
Espécies
Família
Nome
popular
Andira
legalis (Vell.) Toledo
Fabaceae
angelim-da-praia
Aristolochia
macroura Gomes
Aristolochiaceae
jarrinha
Aspidosperma
parvifolium A.DC.
Apocynaceae
pequiá,
peroba da praia
Caesalpinia
echinata Lam.
Fabaceae
pau-brasil
Clusia fluminensis Planch. & Triana
Clusiaceae
abaneiro
Eugenia
copacabanensis Kiaersk.
Myrtaceae
cambuí-amarelo-grande
Eugenia
neonitida Sobral
Myrtaceae
pitangão
Ficus
hirsuta Schott
Moraceae
molembá
Manilkara
subsericea (Mart.) Dubard
Sapotaceae
maçaranduba-da-praia
Melocactus
violaceus Pfeiff.
Cactaceae
coroa-de-frade
Myrrhinium
atropurpureum Schott
Myrtaceae
mirtilo
Norantea
brasiliensis Choisy
Marcgraviaceae
rabo-de-arara
Ormosia
arborea (Vell.) Harms
Fabaceae
olho-de-cabra
Scaevola
plumieri (L.) Vahl
Goodeniaceae
mangue-da-praia
Sideroxylon
obtusifolium (Roem. & Schult.)
T. D. Penn