Meio Ambiente


Mutirão Reflorestamento:

20 anos recuperando áreas
naturais degradadas


Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, uma iniciativa da Prefeitura do Rio merece destaque por contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população carioca. Trata-se do Programa Mutirão Reflorestamento, que nesta semana está plantando 100 mil mudas em várias comunidades. Quando o mundo se preocupa com os efeitos do aquecimento global, causado sobretudo pela acumulação de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera, ações de reflorestamento se apresentam como uma das providências necessárias e urgentes para tentar equilibrar a temperatura terrestre.

Há 20 anos o Programa Mutirão Reflorestamento, dirigido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, vem ampliando a cobertura vegetal de regiões da cidade. Uma vez que as características topográficas do Rio de Janeiro favorecem a ocupação desordenada em áreas verdes e de risco, acarretando sérios prejuízos ecológicos e econômicos à cidade, o Programa Mutirão Reflorestamento tem ampliado suas ações, sobretudo nos lugares mais carentes, tentando reduzir os efeitos dessa expansão e aumentando a oferta de trabalho local.

É uma iniciativa reconhecida por ter inovado ao incorporar a participação direta de moradores dessas comunidades na realização dos plantios em regime de mutirão remunerado. O Programa Mutirão Reflorestamento é administrado por dez técnicos municipais no comando de várias equipes que, juntas, somam mais de mil trabalhadores. Essa parceria estabelecida com o poder público, através das associações de moradores, é a responsável pela recuperação de grandes áreas naturais degradadas em 117 comunidades, o que inclui a implantação de novas frentes e também a manutenção das árvores já plantadas.

O último aniversário do Programa foi comemorado com um balanço positivo: o plantio de mais de 4 milhões de árvores nos morros e encostas da cidade, numa área equivalente a 2.500 campos de futebol iguais ao do Maracanã. Nesse ano de 2007 o Programa Mutirão Reflorestamento plantará 1,2 milhão de mudas.


Esse trabalho resulta não só na contenção da ocupação nas encostas e na conseqüente redução do desmatamento, mas também na preservação da biodiversidade e na conservação de galerias pluviais e canais de drenagem.

Premiado no Brasil e no exterior, o Programa Mutirão Reflorestamento foi selecionado pelo Projeto Megacidades, da ONU, para integrar a publicação Environmental Innovation for Sustainable Mega-Cities: sharing approaches that work em 1990. Ele também foi escolhido como uma das 100 Experiências Brasileiras de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21, do Ministério do Meio Ambiente, em 1997, e como um dos 20 melhores projetos no Concurso Gestão Pública e Cidadania, da Fundação Getulio Vargas/Fundação Ford, em 1997. Além desses destaques, foi indicado para integrar o Banco de Dados Mundial Best Practices and Local Leadership Programme, da United Nations Centre for Human Settlements, UNCHS-Habitat, em 1998, e para os prêmios de Meio Ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), em 1998 e para o de Projeto Modelo da Society for Ecological Restoration, em 1999. Em 2002, recebeu a Menção Honrosa no Metropolis Award, em Seul, Coréia do Sul.


A história do mutirão e o processo
de reflorestamento

Implantado inicialmente pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), em 1984, o Projeto Mutirão Reflorestamento limitava-se à implantação de rede de esgoto e pavimentação em comunidades de baixa renda, com a utilização de mão-de-obra local voluntária. Com a constatação de que o tempo oferecido pelos voluntários seria insuficiente para execução de um trabalho rápido e de boa qualidade, foi adotado o sistema de “mutirão remunerado”. A partir de então, os trabalhadores passaram a ser contratados pela Prefeitura, com remuneração pelas tarefas executadas. Desde novembro de 1986 as equipes começaram a ser utilizadas para recuperar as áreas de encostas desmatadas, para afastar o risco de deslizamentos e, no ano seguinte, em 1987, foi plantada a primeira muda arbórea no projeto piloto no Morro São José Operário, em Jacarepaguá. Em 1994, transformado em programa contínuo de reflorestamento, o Programa Mutirão Reflorestamento, foi transferido para a Coordenadoria de Recuperação Ambiental (CRA) da então recém-criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (SMAC).

A implantação do reflorestamento envolve várias etapas, que vão desde a seleção de áreas a serem recuperadas, da articulação comunitária e da formação das equipes de campo, até a produção de mudas e a preparação das áreas de plantio, o que compreende diversas operações. Entre elas estão a limpeza de aceiros, roçada, replantio, adubação de cobertura e combate às pragas, desbastes e podas. São priorizados aqueles espaços desmatados em encostas próximas a comunidades carentes, com forte tendência à ocupação irregular, ou que compõem bacias hidrográficas sujeitas a enchentes, assoreamento de rios e canais de drenagem. O reflorestamento no Morro Dois Irmãos, no Leblon, na Pedra do Padre e no Morro da Helena, em Curicica, Jacarepaguá, estão entre as intervenções mais antigas, com áreas em manutenção.

No reflorestamento, são utilizadas cerca de 150 espécies arbóreas, em sua maioria nativas da Mata Atlântica, das quais são escolhidas as 36 mais importantes para o plantio intensivo. As sementes utilizadas na produção de mudas são coletadas a partir de 1.400 árvores matrizes cadastradas dentro dos critérios de manutenção da diversidade biológica. Elas são coletadas e melhoradas por equipe composta de dez trabalhadores, também recrutados nas comunidades carentes vizinhas a viveiros. Atualmente, o Projeto trabalha com quatro viveiros florestais: o Viveiro Florestal de Campo Grande e o Viveiro Florestal do Parque Vila Isabel, com uma produção mensal de cerca de 25 mil mudas; o Viveiro Florestal de Guaratiba, com uma produção mensal de cerca de 45 mil mudas por mês; e o do Grumari, com cerca de 15 mil mudas.


Texto: Denise Rodrigues (SECS)
Fotos: Leandro Marins e Alberto Jacob (SECS)


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