A
idéia de expor animais e trazer para a cidade
um pouco da vida selvagem começou no Brasil,
mais especificamente no Rio de Janeiro, em 16 de Janeiro
de 1888, quando o Barão de Drumond fundou o
primeiro zoológico brasileiro – o Zoológico
de Vila Isabel, no bairro de mesmo nome, Zona Norte.
Era uma extensa área, com riachos, lagos artificiais
e variada coleção de animais. Fez sucesso
no início, mas, com passar dos anos, começaram
a surgir as dificuldades financeiras. Ficou difícil
para o Barão manter os animais e, como solução
da crise financeira e salvação para
o zoológico, ele criou o "jogo do bicho",
atraindo a atenção de visitantes, moradores
do bairro e, mais tarde, de toda a cidade.
A idéia do Barão de Drumond difundiu-se
entre os cariocas, mas não foi suficiente para
salvar o antigo zôo, que fechou suas portas
em 1º de outubro de 1940, quando foi vendido
ao governo. Cinco anos mais tarde, o Rio de Janeiro
ganhou um novo zoológico, inaugurado em 18
de março no Parque da Quinta da Boa Vista (antiga
residência da família imperial portuguesa),
em São Cristóvão, também
na Zona Norte, onde funciona até hoje.
Em
1985, o Zoológico do Rio passou a ser Fundação
RIOZOO, que, coordenada pela Secretaria Especial de
Promoção e Defesa dos Animais, vem investindo
em programas de educação, qualidade
de vida e pesquisa, baseado no conceito Conhecer para
Preservar. Este processo de modernização
transformou a instituição em um respeitado
centro de pesquisa e educação ambiental,
reconhecido no Brasil e no exterior. Após 62
anos de criada, a RIOZOO tem muitas histórias
registradas, em mais de meio século de grandes
transformações e personagens inesquecíveis.
Com uma área de 138 mil metros quadrados, onde
estão mais de dois mil animais, distribuídos
entre répteis, mamíferos e aves, o zoológico
do Rio é o mais antigo do Brasil, com movimento
mensal de cerca de 70 mil visitantes.
A
Fundação RIOZOO possui o maior plantel
de primatas brasileiros e a maior coleção
de aves expostas do país. No setor de fauna,
reproduzem-se espécies raras e ameaçadas
de extinção como o urubu-rei, a ararajuba
e o mico-leão-dourado. Ao completar 62 anos,
a instituição oferece uma ampla variedade
de atrações e projetos que permitem
aos visitantes não apenas admirar os animais,
mas também aprender mais sobre eles e interagir
com as espécies, desde a fase de filhotes.
E uma de suas imagens mais marcantes é o imponente
portão construído em sua entrada.
O projeto mais antigo da Fundação é
o Museu da Fauna, que desde a sua criação,
na década de 50, dá aos visitantes,
em especial às pessoas com deficiência,
a oportunidade de conhecer de perto diversas espécies
de animais selvagens com orientação
especializada e em segurança, já que
encontram-se taxidermizados (empalhados). O acervo
foi doado ao Museu Nacional em 1993, por solicitação
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), e repassado à
Fundação. Além da infra-estrutura
para deficientes físicos, o espaço possui
cafeteria e auditório para 250 pessoas.
A partir dos anos 90, vários projetos foram
criados. Confira abaixo alguns dos principais.
Zôo
Aquário
- O aquário público do Rio de
Janeiro foi inaugurado no Parque da Quinta da
Boa Vista em 1910, onde funcionou até
o final da década de 40. Projetado pelo
paisagista francês Glaziou, a pedido do
Imperador D. Pedro II, no período em
que esteve aberto chegou a receber mais de 700
mil pessoas por ano.
Por iniciativa da Fundação RIOZOO,
o aquário público da Quinta da
Boa Vista foi inteiramente restaurado em 2004,
conservando características da construção
original, e hoje abriga enorme variedade de
peixes típicos de várias regiões
do Brasil e do exterior. O Zôo Aquário
está localizado na Passarela da Fauna.
Passarela
da Fauna - Inaugurada em setembro
de 2004 numa área de 22 mil metros quadrados,
a passarela oferece aos visitantes uma visão
privilegiada de cervos, antas, capivaras, emas,
animais aquáticos, tartarugas e aves
marinhas. A área abriga ainda o núcleo
de exposição e educação
ambiental do Projeto Tamar, que se dedica à
preservação de várias espécies
de tartarugas marinhas. É a primeira
unidade do projeto sem ligação
direta com o mar e o único núcleo
de exposição no Estado do Rio
de Janeiro.
Roteiro
Zoobastidores
- Dá aos visitantes a oportunidade de conhecerem
o funcionamento interno do zoológico, mostrando
o preparo da alimentação, o tratamento
dado aos animais, principalmente aos filhotes, o funcionamento
do aquário e do biotério (local onde
estão as cobaias que são alimentos de
alguns animais), além de mostrar como são
preparadas as peças empalhadas e cuidados os
filhotes. A atração é liberada
a crianças com idade a partir de 8 anos.
Zôo
à Noite
- É uma verdadeira aula prática sobre
os animais de hábitos noturnos. Acompanhados
por biólogos do Zoológico, grupos formados
por até 30 pessoas visitam, das 18h às
20h, o recinto dos jacarés, das preguiças-reais,
corujas, do jupará, do tamanduá, do
jaguarundi, do tatu-bola e do macaco-da-noite, animais
característicos da fauna nativa. São
mostradas espécies exóticas como o hipopótamo,
dificilmente visível durante o dia, e grandes
felinos como leão, tigre e leopardo, em plena
atividade.
Vivendo Aves
- Com um imponente viveiro de 1.200m² de
extensão, a Fundação RIOZOO
oferece ao público a oportunidade de
ter um contato mais próximo com dezenas
de pássaros, que encantam com suas formas
e cores.
Colônia
de férias
- Brincadeiras, atividades artísticas e ensinamentos
sobre ecologia, além de contato com diversos
animais, são algumas das atrações
que a Fundação RIOZOO oferece em sua
colônia de férias, realizada nos meses
de janeiro e julho, com duração de uma
semana. A programação é voltada
para crianças de 7 a 10 anos. Outras informações
podem ser obtidas através do telefone 2567-9732.
Programa
Adoção é o bicho! -
Através do Programa Adoção
é o Bicho!, criado em 1988, a Fundação
RIOZOO oferece às empresas a possibilidade
de se vincularem a projetos de preservação
do meio ambiente e de espécies ameaçadas
de extinção. Ao adotar o animal,
a empresa terá sua marca exposta a milhares
de pessoas no Zôo, através de placa
indicativa em frente ao recinto do animal adotado,
e no site da Fundação, além
de eventos onde o novo adotante será
apresentado ao público. A empresa poderá,
ainda, utilizar a imagem do animal em campanhas
publicitárias. Os interessados em adotar
algum animal devem entrar em contato com a Fundação
através do telefone 3878-4200 (ramal
248).
Zoomóvel
– O projeto do ônibus, que reproduz
em seu interior o ecossistema brasileiro, tem
como objetivo a conscientização
pública sobre projetos e temas relacionados
à conservação da fauna,
da flora e do meio ambiente. A proposta educativa
conta com passeios virtuais no Zôo e na
natureza, estimulando as crianças a pensarem
sobre o ambiente em que vivem e o que fazer
para conservá-lo, difundindo conhecimentos
e valores sobre a biodiversidade nacional como
forma de valorização do nosso
patrimônio natural. Acompanhado por biólogos
do Centro de Educação do Zôo,
o veículo vai às escolas municipais
e proporciona aos alunos um passeio pelos ecossistemas
através de uma projeção
em telão que retrata a fauna e flora
brasileiras. Vinte animais cenográficos,
entre tartaruga marinha, lobo guará e
jibóia, caracterizam o ambiente e são
utilizados para a “aula” ministrada
pelos técnicos.
Minifazenda
– Local onde as crianças têm
a oportunidade de conhecer de perto como funciona
a vida no campo, os animais de criação
(coelhos, vacas, pôneis, porcos, entre
outros), a horta e os alimentos derivados. O
ponto alto do passeio, para as crianças,
é o momento em que alimentam e acariciam
os “residentes” da fazendinha.
Zôo
Aniversários
- A Fundação RIOZOO também oferece
programação especial para os aniversariantes
e seus convidados. Eles participarão de um
passeio orientado à Minifazenda e terão
a oportunidade de interagir com animais domésticos.
Também será possível passear
no burrinho, alimentar o touro e brincar com os coelhos
que vivem na fazendinha. Para agendar a festa, basta
entrar em contato com a Fundação através
do telefone 2567-9732.
Projeto
Tamar -
É o primeiro núcleo urbano do Projeto
Tamar-Ibama, de proteção às tartarugas
marinhas. Possui um aquário de 25 mil litros
de água salgada onde vivem um exemplar da tartaruga-de-pente
(Eretmochelys imbricata), com 70 centímetros
de comprimento, e outro da tartaruga cabeçuda
(Coretta caretta), com aproximadamente um metro. O
núcleo também está equipado com
painéis educativos e exibe vídeos e
DVDs sobre a vida desses animais e as maneiras de
preservá-los. A iniciativa é uma parceria
da Fundação RIOZOO com a Petrobras.
Enriquecimento
Ambiental - A Fundação
RIOZOO investe, desde 2002, no desenvolvimento de
um programa pioneiro de enriquecimento ambiental.
O trabalho tem como objetivo combater os efeitos adversos
do estresse na vida dos animais cativos, evitando
que manifestem qualquer tipo de distúrbio comportamental
provocado pela vida em cativeiro e pela convivência
com grande quantidade de público. Através
do programa, procura-se criar nos viveiros um ambiente
interativo e complexo, que permita ao animal apresentar
um comportamento o mais próximo possível
do natural. Para isso, são oferecidas atividades
“recreativas e instigantes” aos animais,
como esconder alimentos no recinto e utilizar brinquedos,
picolés, bolas, listas telefônicas, espelhos,
bastões de sementes, bóias, tambores,
cordas, pneus, entre muitos outros objetos.
Jardim
Zoológio da Cidade do Rio de Janeiro
- Quinta da Boa Vista s/nº, em São Cristóvão.
Aberto de terça-feira a domingo, das 9h às
16h30. Ingresso - R$ 5,00, com gratuidade para crianças
com altura de até 1m, idosos a partir dos 60
anos e pessoas com deficiência (com até
dois acompanhantes). Outras informações
podem ser obtidas através do telefone 3878-4200.
As escolas municipais podem agendar visitas pelo telefone
3878-4227.
Os
animais que fazem mais sucesso na Fundação
RIOZOO são os grandes felinos, como o
leão, o tigre e a onça, além
do elefante, que encanta a todos, mesmo quando
resolve jogar água no público.
Porém, os que se destacam mais, principalmente
entre as crianças, são os chimpanzés,
por sua maior capacidade de interação.
É bem provável que essa sintonia
seja fruto das boas recordações
de um personagem inesquecível do zoológico,
e imortal para muitos: Macaco Tião.
Essa figura lendária nasceu no mesmo
local onde, por décadas, animou milhares
de pessoas. Mal-humorado, rebelde, temperamental,
explosivo, ciumento e muito exigente, seu esporte
preferido era o "tiro ao alvo", praticado
com extrema pontaria no público.
Após seu falecimento, em dezembro de 1996,
aos 33 anos, foi homenageado no ano seguinte com uma
estátua de corpo inteiro, onde milhares de
visitantes tiram foto; uma placa de bronze em frente
ao portão principal do Zôo; com seu nome
na alameda principal do zoológico, que passou
a se chamar Alameda Macaco Tião; e, na Barra
da Tijuca, ganhou uma praça com seu nome.
A morte de Tião foi notícia no Brasil
e no mundo, ganhando as primeiras páginas do
jornal francês Le Monde e do norte-americano
The New York Times. Recentemente, Tião entrou
para o Guiness Book (o Livro dos Recordes) de 2007,
como o chimpanzé mais votado do mundo, já
que em 1988 conseguiu cerca de 400 mil votos nas eleições
municipais.
Texto
Flávia
David (SECS)
Alessandra Jamel (Fundação RIOZOO)