O
francês que virou bairro
Se os franceses não conseguiram se apossar e colonizar o Rio
de Janeiro - através de Villegaignon, Du Clerc e Duguay Trouin
-, o nome de um dos bairros mais identificados com o jeito carioca de
ser tem origem em um francês. Charles Leblon (ou Lebron) foi proprietário
de terras - um lote delimitado pela atual avenida Visconde de Albuquerque,
ruas General Urquiza, Dias Ferreira e pelo mar, chamado de campo do Leblon
- e de uma empresa de pesca (Aliança) naquele areal. Se o nome
do bairro confunde-se em nebulosas origens, pois há mesmo quem
atribua o toponímico não ao sobrenome do estrangeiro, mas,
sim, a algum de seus atributos físicos, cabelos louros (le blond),
ou de caráter, a sua fama de bondoso (le bon), temos como
certo que ambas as versões, ou melhor, todas, remetem a uma figura
ímpar e marcante dos primórdios de parte da ocupação
da zona sul carioca. O bonachão pescador francês - e carioca
da gema, que não é condição nascer aqui para
sê-lo - Charles, foi dono, por apenas 27 anos (entre 1809 e 1836),
do lugar onde, muitos anos depois, Tom, mudando de conversa, perguntaria
por aquela amizade, aquele "papo furado" que acontecia todo
fim de tarde num bar desse bairro. Meu Deus do céu, que tempo bom!
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