Os primeiros desfiles carnavalescos
Na guerra entre o popular entrudo, de origem portuguesa, e o elitizado e afrancesado carnaval carioca de meados do século XIX, a vitória desse último começou a acontecer quando os primeiros desfiles de carros alegóricos ocorreram, com as viaturas em uso, como a caleça, a berlinda e o coupé, fartamente ornamentados, decorados e apinhados de foliões. Entretanto, os primeiros carros alegóricos da cidade do Rio de Janeiro foram construídos e desfilaram pelas ruas centrais da cidade em 1786 por ordem do vice-rei Luís de Vasconcelos para comemorar os festejos das bodas do rei de Portugal. Em meados do século XIX, os desfiles dos carros alegóricos marcaram a ascensão das máscaras e das fantasias sobre as seringas e os malcheirosos potes de água, dos antigos entrudos que, entretanto, resistiram até o final do século.

Os bailes carnavalescos, como o famoso baile do Teatro São Pedro, eram animados com a presença de mais de 5 mil foliões fantasiados e mascarados, alguns com luxo e elegância. A chave de ouro do carnaval era o desfile dos foliões mascarados nos carros alegóricos, acompanhados por bandas de música, pelas ruas do Centro e pelo Passeio Público.

Nessa época, as duas primeiras sociedades carnavalescas disputavam os aplausos do público: a Congresso das Sumidades Carnavalescas e a União Veneziana, promovendo desfiles de corsos, com cerca de dez carros alegóricos, cada uma, na rua São Clemente e no centro da cidade. Às três horas de domingo, desfilavam em frente ao Paço Imperial, com a assistência do imperador e da família imperial. Dentre todos que desfilaram no decorrer dos anos, o carro mais aplaudido foi o da "Sumidades" representando uma locomotiva, que homenageou as primeiras máquinas da Estrada de Ferro D. Pedro II. Essas duas sociedades carnavalescas, compostas por artistas, escritores e intelectuais e outros membros da elite, deram origem às Grandes Sociedades, como os Clubes dos Fenianos e dos Democráticos, que disputaram a primazia nos antigos carnavais cariocas.

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