Enxurrada
de mudanças
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado na América do
Sul, desfecho das lutas pelo poder na região do Prata, travadas
durante quase duzentos anos, inicialmente entre Portugal e Espanha e,
depois, pelas repúblicas oriundas dessas colonizações.
Durou mais de cinco anos (de novembro de 1864 a março de 1870)
e ceifou cerca de 200 mil vidas, tendo um impacto profundo sobre os assuntos
econômicos, sociais e políticos de Brasil, Paraguai, Uruguai
e Argentina. O esforço e as perdas brasileiros foram tremendos,
nossas baixas humanas totalizaram de 25 mil a 50 mil homens em combates,
acrescidas das mortes por doenças, além disso, o saldo da
guerra deixou um grande déficit nas finanças públicas,
porém, o confronto também estimulou a indústria brasileira
como um todo o que, de alguma maneira, modernizou a infra-estrutura do
país. No rescaldo tivemos vantagens financeiras, como uma indenização
vultosa imposta aos vencidos; territoriais, com a conquista ao Paraguai
da região entre os rios Apa e Branco; e políticas, pois,
o Paraguai passaria, a partir daquele momento - até mais que o
Uruguai -, a sofrer forte influência e controle brasileiros. A vitória
- se há vencedor em um tipo de disputa como esse -, após
anos de sangrentas e ferrenhas batalhas, foi brasileira e isto repercutiu
de diversas maneiras na vida nacional. Porém, passados 135 anos
do conflito, uma das mais visíveis e ainda presente foi a enxurrada
de mudanças de nomes de diversos logradouros por todo o país,
indicando fatos, batalhas, personagens, locais e datas relevantes no confronto.
No Rio de Janeiro, toponímias como Primeiro de Março, Riachuelo,
Duque de Caxias, Humaitá, Cerro-Corá, Aquidabã, Apa,
General Pedra, Assunção, Bartolomeu Mitre, Marquês
de Olinda, Voluntários da Pátria, Uruguai, Campo Grande,
Tuyuti, Curupaiti, etc., substituíram nossas ruas Direita, Mata-Cavalos,
e tantas outras, marcando a cidade por uma guerra longe na memória
e tirando um pouco da história, brejeirice e simpatia de nossos
antigos logradouros, inaugurando uma febre homenageadora que se repete
em todo e qualquer falecimento de pessoas ilustres.

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