E o berço da cidade foi por água abaixo
A Exposição Internacional de 1922, concebida para comemorar o centenário da independência do Brasil, marca a perda definitiva do berço da Cidade, o Morro do Castelo, arrasado por jatos d'água durante a administração do prefeito Carlos Sampaio. O sistema de mangueiras hidráulicas, auxiliado por trens e vagões que levavam o entulho até onde seria o futuro Aeroporto Santos Dumont, foi o responsável pela demolição feita, no entender de Lucio Costa, "...com desamor e sem os cuidados que no caso se impunham...". Não por acaso, a nova Esplanada do Castelo foi o palco escolhido para a edificação dos pavilhões da Exposição, um projeto no qual se destacaram os arquitetos Morales de Los Rios e Archimedes Memória. Finda a mostra, a área resultante, valorizadíssima e próxima a avenida Rio Branco, seria loteada atendendo a necessidades, não somente de ordem higienista e estética - motivos alegados à época -, mas, sobretudo, da reprodução do capital. Configurou-se a Exposição de 1922 como uma grande mostra, onde não faltaram os principais países mundiais. Em seus pavilhões vislumbravam-se estilos arquitetônicos específicos e, mais do que isto, aspectos culturais, produtos e particularidades que transformaram a exposição num imenso mostruário das nações, como nunca antes havia sido visto no Brasil.

Da imensa mostra restam, hoje, apenas os pavilhões da Administração e do Distrito Federal (atual Museu da Imagem e do Som), da França (a réplica do Petit Trianon, ocupado pela Academia Brasileira de Letras), da Estatística (Serviço de Saúde dos Portos, muito modificado) e o Palácio das Indústrias (Museu Histórico Nacional). A Exposição do Centenário também pode ser vista como uma tentativa, ainda que efêmera, de substituir, no plano oficial, o ecletismo dominante por um estilo mais próximo da realidade nacional, o chamado estilo neocolonial. Infelizmente, a maior parte de seus pavilhões foi demolida, como o pavilhão dos Estados (depois Ministério da Agricultura, vizinho ao MIS), onde hoje se encontra um belo estacionamento.

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