O PLANO DIRETOR DAS EDIFICAÇÕES ESCOLARES

O educador Anísio Teixeira esteve à frente da Secretaria de Educação do Distrito Federal de outubro de 1931 até dezembro de 1935, quando pediu demissão do cargo, devido às pressões políticas por parte do Governo Getúlio Vargas, que o acusava de participação na revolta dos comunistas contra o seu governo.

Neste período, Anísio Teixeira, ao enfrentar o problema da educação pública, identificou duas questões referentes aos prédios escolares: quantidade e qualidade.

O déficit de escolas primárias, no Rio de Janeiro, estava em torno de 55% e a maioria dos prédios eram impróprios ou inadequados ao funcionamento escolar. Dos setenta e nove prédios existentes, somente doze deveriam ser conservados, trinta e dois deveriam ser adaptados e trinta e cinco foram condenados. Com base nestes dados, Anísio Teixeira elaborou um plano mínimo de construção, a ser implantado até 1938, constituído das seguintes metas:

74 prédios novos, no total 1431 salas de aula novas
25 prédios adaptados, no total 219 salas de aula novas
16 ampliações, no total 306 salas de aula novas
   
Em 1932, a população escolar era estimada em 196.744 e, num período de dez anos, atingiria 320.000 alunos. Na impossibilidade de resolver o problema em um só período administrativo, adotou-se o plano mínimo descrito acima, totalizando 1956 salas de aula novas, que em cinco anos comportariam 80% da população escolar, de acordo com a estimativa de 1932, funcionando em dois turnos.

O arquiteto-chefe Enéas Trigueiro Silva, da Divisão de Prédios e Aparelhamentos Escolares, projetou, então, cinco tipos principais de prédios, que “foram construídos em condições de material e de projeto, tão modernos e econômicos quanto possíveis”

Tipo Mínimo, com 3 salas de aula, um ateliê e oficina (construídas em regiões de reduzida população escolar)
 
Tipo Nuclear, com 12 salas de aula, salas para a dministração, secretaria e professores.
 
Tipo Platoon, com 12, 16 e 25 salas de aula. Estas escolas se constituíam de salas de aula comuns e salas especiais para auditório, biblioteca, recreação, jogos, Música, Ciências, Desenho e Artes Industriais.
 
 
 
Se era necessário renovar a escola, era preciso um centro que formasse um novo professor. Anísio Teixeira, então, criou o Instituto de Pesquisas Educacionais, anexando a ele os Centros de Professores e as Escolas Experimentais. Segundo ele, estas Escolas Experimentais eram “modestas escolas-laboratórios, onde se estão ensaiando, com grande proveito para as crianças e para os professores e em condições tão livres e tão favoráveis quanto possíveis, algumas das técnicas da escola renovada”. Sobre elas, ele ainda comentou:
 
..as únicas diferenças [das escolas regulares] se encontram no propósito de ensaiar integralmente um novo método, nos estudos e debates que ali se realizam e na atitude experimental dos professores que examinam, ensaiam, verificam os resultados e estão sempre prontos a suspender os julgamentos, a reexaminar o problema e a estudar e reestudar continuamente os processos de ensino e de educação.

 

 

 

As Escolas Experimentais selecionadas pela Secretaria de Educação foram: Bárbara Otoni, Manuel Bonfim, México, Argentina e Estados Unidos.

Quando Anísio Teixeira solicitou sua exoneração da Secretaria de Educação, em 1935, o número de salas de aula novas representava um acréscimo de 130% em relação às 250 salas, em condições de serem conservadas, existentes em 1932. Os prédios com salas novas, segundo o relatório de 1935, estavam assim divididos:

2 escolas do tipo Mínimo de 3 salas
12 escolas do tipo Nuclear de 12 salas
1 escola do tipo Nuclear de 8 salas
5 escolas do tipo Platoon de 12 salas
2 escolas do tipo Platoon de 16 salas
3 escolas do tipo Platoon de 25 salas
1 escola do tipo Especial de 6 salas
1 escola do tipo Escola-Parque
1 escola reformada com acréscimo de 12 salas

O número de prédios novos, concluídos na gestão de Anísio Teixeira, totalizava vinte e cinco. Entretanto, se contabilizarmos os que foram inaugurados posteriormente, pode-se afirmar que a sua administração deixou, como legado à Cidade do Rio de Janeiro vinte e oito escolas que aqui denominamos “Escolas de Anísio Teixeira”.