Trabalhar
cultura popular na escola precisa de data? Não se pode conciliar
ambas no cotidiano do ensino? É relativar a homogeneização
das diversas lingüísticas culturais, abrindo-se para o reconhecimento
das diferenças e, não cristalizá-las em prateleiras
e nos planos pedagógicos do ensino fundamental.
É o revitalizar a história com a própria cultura,
pois integra ao povo-raiz: o índio, o caboclo, o negro, o europeu
colonizador, como agentes transformadores. Os enredos das Escolas de Samba
resgatam as tradições, à revelação
das raízes, um movimento paralelo. É primordial o uso da
biblioteca como fonte dos contadores de histórias, cantando personagens
e enredos, trazendo a circularidade entre a oralidade e o texto na cultura
popular. E a pesquisa, como um todo, educa, orienta, permite a referência
cultural.
A crise de identidade de um mundo globalizado, traz com mais força
a busca de uma alternativa para superá-la. Neste sentido o enredo
cumpre um papel importantíssimo, pois evidencia as diferenças
e a diversidade de tais identidades sociais, convidando todos a se unir,
para resgatar a memória, suas tradições e sua história
como mensagem, cujo significado sintetiza a preservação
dos símbolos da vida social. Nutre diferentes sensibilidades e
temas unificados, como a cultura popular, em formas expressivas pela capacidade
humana, gerando assim uma leitura da arte viva e espontânea. É
a interpretação de um sentir, que resume o conhecimento
da sociedade que se reflete na escola, conservando assim um caráter
inconfundível como o próprio idioma.
O Brasil é tudo isso. As distintas etnias e culturas do português,
do africano, do índio, dos imigrantes em geral, resultam na soma
de tradições locais e importadas que geram expressões
novas e desconhecidas até então. De norte a sul do país,
as festas populares, sejam elas cíclicas, religiosas ou cívicas,
inspiram os enredos das Escolas de Samba, e, devem ser reforçadas
nas escolas, porque envolvem o espírito de sacralização
do símbolo coletivo. E os enredos também acrescentam outras
mais modernas, decorrentes de novas etnias e tendências culturais
apropriadas para o nosso povo: os espetáculos esportivos, os grandes
shows, o baile do clube, a celebração de um produto e seu
produtor e até as manifestações políticas
sempre argüidas e discutidas.
É importante que as escolas incentivem esse trabalho de sobrevivência
da memória sócio-cultural-econômica política
do brasileiro, que não deve ser somente despertada uma vez por
ano durante três dias, mas no cotidiano da Educação.
E que saia das escolas e vá para as ruas que é o seu lugar.
Que a escola também tenha a tarefa – não somente ela
– de criar e recriar estas festas constantemente por uma necessidade
de afirmação coletiva. O cultura brasileira tem som, imagem,
palavra, cheiro, sabor e tantas outras formas não-verbais que convivem
e interagem numa pratica tão desejada e interdisciplinar. |