O presente trabalho discute a temática da inclusão aqui pensada amplamente, aluno/escola/mundo considerando o espaço da sala de aula e as interações dos alunos-sujeitos nesse espaço de interlocução onde ocorrem práticas de organização, de currículo e de afetividades que impregnam o pedagógico, reconhecendo a sala de aula como um local de produção de significados que influencia na constituição de subjetividades. Para isso, analiso as estratégias utilizadas pelos alunos em defasagem idade-série, atendidos pelo Programa de Aceleração de Aprendizagem, estudando as possibilidades do sucesso escolar a partir da dimensão da inclusão, tendo como enfoque principal o olhar dos alunos que fazem parte do Programa nestas duas turmas.
A metodologia utilizada foi a pesquisa etnográfica que pode contribuir significativamente para um melhor entendimento dos processos interativos presentes nas relações dos alunos que se encontram nesta situação, considerando o espaço e o tempo educativos, na perspectiva sujeito-agente (aluno) de modo a
entender o processo de construção de estratégias que facilitem a aprendizagem.
O trabalho de campo consistiu em quatro meses de investigação em duas escolas da rede pública, no Rio de Janeiro, e teve como modalidades de levantamento de dados a observação participante, entrevistas com alunos, professoras, diretora, coordenação pedagógica, gravação em áudio e vídeo de aula nestas escolas e análise de trabalhos executados pelos alunos.
A contribuição desse estudo está na possibilidade de suscitar novos desafios a alunos e professores no ambiente pedagógico, apesar da situação de exclusão em que se encontra o grupo pesquisado, ainda que com a possibilidade de inclusão através dessa medida compensatória de mais um programa do governo que diz ter a intenção de superação do fracasso escolar, estimulando-os a retomarem o processo de escolarização em que a série esteja em conformidade com a idade de cada um, diminuindo assim suas chances de fracasso escolar e conseqüente processo de exclusão social.