A Escola no Novo Milênio, Desafios para o Professor

Ano 2001
 
NOME: Maria Luiza de Alcântara Krafzik Cargo: PI
CORREIO ELETRÔNICO: krafzik@osite.com.br
 
LOTAÇÃO: E.M. Visconde de Porto Seguro E/8ª CRE
 
 
ESTUDO DO IMPACTO DA PROGRAMAÇÃO DA MULTIRIO EM UMA DAS ESCOLAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
 

Nosso propósito neste trabalho foi identificar, no contexto de uma escola, o impacto causado pela programação da MultiRio, a partir de conceitos teóricos adotados, principalmente, da teoria de mudanças apresentada por Huberman (1973).
A metodologia empregada propiciou condições para a obtenção e análise dos dados, já que permitiu ao observador penetrar no cotidiano escolar, possibilitando flexibilidade para suscitar falas espontâneas, interpretar comportamentos docentes, trocar informações e perceber sentimentos diversos. O acompanhamento de alguns momentos pedagógicos e situações informais dos professores deu oportunidade de direcionar o olhar para a perspectiva dos docentes, numa visão interna dos acontecimentos rotineiros. Essa visão facilitou a melhor compreensão do universo da escola, esclarecendo os aspectos subjetivos que perpassam as relações interpessoais.
O tratamento dos dados coletados, tabulação de respostas do questionário, combinado com as informações presentes no discurso docente, permitiu
elaborar um painel das condições em que as inovações se processam naquela unidade escolar. O confronto entre as situações cotidianas em que a inovação MultiRio se instalou na escola e a teoria de mudanças estudada, apontou para distorções no procedimento de implantação da inovação, o que possivelmente levou ao impacto negativo da mesma.
Os resultados evidenciaram, principalmente, a importância e a qualidade da inovação tecnológica para a educação. Todavia, os dados também apontaram para a impossibilidade do uso freqüente da inovação na escola em estudo, devido a uma série de condições que inviabilizaram a implantação da inovação, tais como: espaço físico inadequado, má qualidade na transmissão da programação, falta de sensibilização do corpo docente para o trabalho a ser desenvolvido, o fato de o treinamento não ter se realizado antes do início do período letivo, não avaliação do curso dentro dos critérios da proposta Multieducação e falta de adequação da estrutura física e administrativa da escola para implantação da inovação, associando a teoria à prática de sala de aula.
A escola a princípio deveria ser o lugar de descobertas, onde o “novo” encontraria ressonância, experimentando e avançando junto com a sociedade. A escola, porém, guarda e resguarda valores, reage às mudanças de hábitos, à ruptura da rotina e à obrigação de pensar diferente, ameaçando antigos postulados. A inovação muitas das vezes soa como sendo um desafio à verdade que há dentro de cada educador. Reestruturar o pensamento e a prática pedagógica dos professores, a partir de uma inovação imposta por políticas públicas, é pretender romper com estruturas emocionais e de poder que residem no comportamento individual, que espelha a identidade dos grupos envolvidos no processo de mudança na escola. Isso significa desempenhar ações, procedimentos, e novos papéis e posturas desempenhadas, o que interfere nas relações interpessoais.