O
propósito deste trabalho de pesquisa foi entre outros, reunir informações,
dados e materiais que evidenciassem a possibilidade do uso da informática
como uma proposta de dinamização de ambientes mais interativos
de aprendizagem.
A escola que tão bem conhecemos, que é parte da vida de
todos que por ela passaram, ainda hoje tem a preocupação
de informar. O exercício desta prática acarreta conseqüências
nem sempre satisfatórias na vida dos que um dia passaram por ela.
Quase sempre saímos da escola com a impressão de que nos
falta algo. Essa impressão então passa a ser real quando
nos damos conta que aqueles conteúdos que os professores diziam
ser tão importantes não estão sendo usados por nós
de uma forma significativa, objetiva e eficiente para resolver os problemas
com os quais nos deparamos no nosso dia-a-dia. Essa situação
nos faz sentir insuficientemente preparados para enfrentar a vida que
nos aguardava do lado de fora dos muros escolares. Então nos questionamos:
O que fazer? Só uma resposta passa em nossas mentes: Voltar a uma
instituição escolar, pois só ela pode nos preparar
para viver nossa realidade. E assim voltamos para fazer uma graduação,
um curso de especialização, um mestrado, um doutorado. Nos
encontramos sempre dependentes da instituição escolar. Mas
por que isso acontece?
Porque certamente fomos, todos nós, instruídos assim, lembra?
Muitas informações, muitos conteúdos, mas tudo descontextualizado,
fragmentado e sem gerar significação e utilização.
Saímos da escola adornados de conteúdos. É esse modelo
de educação ainda padrão em muitas unidades escolares.
Os conteúdos são tratados de forma conceitual pelo professor,
aquele que tudo sabe e que detém o conhecimento, que o transmite
apenas através de informações escritas no quadro
negro. E o aluno, onde é que fica nessa história? Ele deve
estar presente na sala de aula, sentado no seu lugar de sempre, ali, naquela
fileira junto à janela, na frente da Maria e atrás do João.
Afinal, é o lugar dele. Ele está ali assistindo a tudo,
como mero expectador e ouvinte numa passividade só.É com
essa situação que precisamos romper de uma vez por todas
para oferecer aos nossos alunos uma educação significativa,
através da qual ele possa construir formas de compreender e intervir
na realidade em que vivem, condição essa fundamental para
o exercício da sua cidadania.
Acreditamos que o espaço escolar é o lugar onde todos que
lá estão podem aprender a participar, a apresentar suas
opiniões, a decidir, a pensar coletivamente e a respeitar as diferenças
pessoais e sociais.
Se acreditamos, a escola será então o local no qual o conhecimento
deve ser desenvolvido, estimulado e aprofundado. O conhecimento, e não
simplesmente, a informação, pois ter informação
não significa ter conhecimento. O conhecimento depende da articulação
de diversas informações para construir novas formas de representar
e compreender a realidade, transformando informações em
conhecimentos, estratégias úteis, conceitos práticos
e produtivos.
Mas no modelo tradicional e instrucionista de ensino que aí está,
a escola só se preocupa apenas em passar informações.
Precisamos então romper com essa educação convencional,
fragmentada e linear.
A sociedade do século XXI exige uma escola sintonizada com o futuro
e com as suas transformações.
É neste momento que todos nós devemos valorizar uma prática
pedagógica onde os conteúdos escolares constituam articulações
entre diferentes disciplinas e onde a interação entre teoria
e prática possibilite verdadeiramente a identificação
entre o vivido e o estudado.
A escola deve passar a apresentar a realidade ao aluno como um todo e
complexa como realmente ela é, e não dividida em áreas
do conhecimento, cada qual seguindo seu próprio caminho, muitas
vezes desencontradas, retalhando o mundo em que vivemos. Precisamos substituir
a visão compartimentada pela visão unitária do ser
humano (Fazenda, 1997) e por conseqüência, formar nosso aluno
como um ser humano pleno, íntegro, uno, participativo, cidadão
do mundo; alunos capazes de interagir com a sociedade em que vivemos numa
postura empreendedora, crítica e responsável.
E como forma de suprir todos os pontos acima descritos apontamos a prática
interdisciplinar utilizando projetos de trabalho, por julgá-la
eficiente para dar conta de todos esses aspectos, propondo metas e soluções
possíveis, em sala de aula e na comunidade em que vivem.
Trabalhar com projetos interdisciplinares constitui uma estratégia
poderosa para construir uma nova escola com uma educação
que constantemente convide seus alunos para refletirem sobre sua própria
realidade. A partir dessa análise eles passam a se situar no mundo
em que vivem de forma crítica.
Passam a lidar com a enxurrada de informações que recebem
diariamente depurando-as, criticando-as e trocando-as com o outro. Nessa
troca eles passam a respeitar e a aceitar o pensamento alheio, transformando
e reconstruindo o conhecimento com o outro. Passam então a entender
não somente o outro, mas o mundo em que vivem. É o individual
aprendendo com o coletivo.
É um processo ensino-aprendizagem onde o aluno é retirado
da passividade em que foi colocado, por nós mesmos professores
e passa a agir e a se sentir sujeito do seu próprio conhecimento.
Mas não podemos visar a transformação do nosso aluno
se nós professores continuarmos do jeitinho que estamos. Nós
precisamos também nos transformar, pois afinal também passamos
por essa mesma escola instrucionista e fragmentadora, chegando mesmo a
nos formar como especialistas. Será que nós já nos
sentimos sujeitos da nossa própria história e do nosso próprio
conhecimento, somos autônomos e empreendedores, ou não?
Questionar qual o nosso papel dentro da escola é uma ação
que deve ser feita constantemente. O que queremos atingir com o nosso
trabalho? Que relação mantenho com meus alunos? O que desejo
é compactuar com o modelo de ensino que aí está,
ou desejo fazer algo diferente?
Com certeza ao responder alguma dessas questões ficaremos cientes
que toda e qualquer mudança que venha a ocorrer na escola, tem
que primeiro ocorrer em nós professores. O processo de transformação
passa e parte de nós. Somos nós quem lidamos diretamente
com os alunos.
É o nosso fazer pedagógico que vai fazer a diferença.
Que estratégias diversas nós vamos estabelecer para alcançar
nossa utopia?
Precisamos buscar novas formas, novas alternativas, analisar outras opiniões
sobre a práxis de sala de aula. Precisamos estar abertos para a
mudança. É preciso ousar e inovar, por mais difícil
que isso pareça ser. É preciso que sejamos, antes de tudo,
autônomos, criativos e críticos. Sim, nós professores!
Senão como incentivar essa postura no aluno se nós mesmos
não a desenvolvemos? É preciso refazer o contrato social
dentro da sala de aula. Como? Incluindo os saberes das comunidades onde
nossos alunos vivem.
Isso vai sendo construído na interação entre professores,
alunos, comunidade escolar, na eliminação das barreiras
que nós mesmos impomos entre as pessoas. Caminhar juntos, descobrir
junto com os alunos. Afinal “quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender” (Freire, 1996, p. 25).
O processo ensino-aprendizagem com enfoque interdisciplinar desenvolve
a autonomia do aluno, uma vez que estimula sua curiosidade para que através
de uma busca constante de pesquisa ele procure cada vez mais informações,
desenvolvendo assim suas competências; estabelece as relações
entre teoria e prática para enfrentar as situações
por ele vividas, transformando a realidade ao seu redor.
O enfoque interdisciplinar permite desenvolver a capacidade de iniciativa
e de inovação de todos os envolvidos no processo, assim
sendo, nos permite viver a educação como um processo permanente,
ao longo de toda a vida.
É o desenvolvimento da autonomia em nossos alunos como forma de
responder às transformações e exigências da
sociedade em que vivemos. É o aprender a aprender. Situação
bem diversa daquela que comentamos no início do nosso texto. Desenvolvida
a sua autonomia, o aluno não se sente mais dependente de uma instituição
escolar para aprimorar seus conhecimentos. Ele mesmo faz isso por intermédio
de pesquisas e de busca de informações adicionais para ele
construir seu conhecimento.
Paralelamente ao desenvolvimento de todo esse processo ensino-aprendizagem,
muitos de nós passamos a ver no uso da informática a solução
imediata para as transformações e mudanças necessárias
para a inovação no sistema educacional. Afinal o computador
é uma ferramenta poderosíssima, velocíssima, possuidora
de todas as informações que tanto precisamos... Não
é essa a impressão que temos?
Um aspecto de fundamental importância é esclarecer que a
informática por si só não transforma ensino nenhum.
A simples presença do computador na escola nada significa, pois
ele sozinho nada faz. Muito pelo contrário, ele precisa sempre
de alguém que decida que operações ele deve executar.
O computador não decide nada. Ele só executa.
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