A Educação Como Estratégia de Inclusão; Desafios para o Educador

Ano 2002
 
NOME: Maria de Fátima da Silva Martins Fernandes Cargo: PI
CORREIO ELETRÔNICO: mfsmfernandes@ig.com.br
 
LOTAÇÃO: E.M. Visconde de Porto Seguro E/8ª CRE
 
 
A INFORMÁTICA NA ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR NUMA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
 

O propósito deste trabalho de pesquisa foi entre outros, reunir informações, dados e materiais que evidenciassem a possibilidade do uso da informática como uma proposta de dinamização de ambientes mais interativos de aprendizagem.
A escola que tão bem conhecemos, que é parte da vida de todos que por ela passaram, ainda hoje tem a preocupação de informar. O exercício desta prática acarreta conseqüências nem sempre satisfatórias na vida dos que um dia passaram por ela.
Quase sempre saímos da escola com a impressão de que nos falta algo. Essa impressão então passa a ser real quando nos damos conta que aqueles conteúdos que os professores diziam ser tão importantes não estão sendo usados por nós de uma forma significativa, objetiva e eficiente para resolver os problemas com os quais nos deparamos no nosso dia-a-dia. Essa situação nos faz sentir insuficientemente preparados para enfrentar a vida que nos aguardava do lado de fora dos muros escolares. Então nos questionamos: O que fazer? Só uma resposta passa em nossas mentes: Voltar a uma instituição escolar, pois só ela pode nos preparar para viver nossa realidade. E assim voltamos para fazer uma graduação, um curso de especialização, um mestrado, um doutorado. Nos encontramos sempre dependentes da instituição escolar. Mas por que isso acontece?
Porque certamente fomos, todos nós, instruídos assim, lembra? Muitas informações, muitos conteúdos, mas tudo descontextualizado, fragmentado e sem gerar significação e utilização. Saímos da escola adornados de conteúdos. É esse modelo de educação ainda padrão em muitas unidades escolares. Os conteúdos são tratados de forma conceitual pelo professor, aquele que tudo sabe e que detém o conhecimento, que o transmite apenas através de informações escritas no quadro negro. E o aluno, onde é que fica nessa história? Ele deve estar presente na sala de aula, sentado no seu lugar de sempre, ali, naquela fileira junto à janela, na frente da Maria e atrás do João. Afinal, é o lugar dele. Ele está ali assistindo a tudo, como mero expectador e ouvinte numa passividade só.É com essa situação que precisamos romper de uma vez por todas para oferecer aos nossos alunos uma educação significativa, através da qual ele possa construir formas de compreender e intervir na realidade em que vivem, condição essa fundamental para o exercício da sua cidadania.
Acreditamos que o espaço escolar é o lugar onde todos que lá estão podem aprender a participar, a apresentar suas opiniões, a decidir, a pensar coletivamente e a respeitar as diferenças pessoais e sociais.
Se acreditamos, a escola será então o local no qual o conhecimento deve ser desenvolvido, estimulado e aprofundado. O conhecimento, e não simplesmente, a informação, pois ter informação não significa ter conhecimento. O conhecimento depende da articulação de diversas informações para construir novas formas de representar e compreender a realidade, transformando informações em conhecimentos, estratégias úteis, conceitos práticos e produtivos.
Mas no modelo tradicional e instrucionista de ensino que aí está, a escola só se preocupa apenas em passar informações. Precisamos então romper com essa educação convencional, fragmentada e linear.
A sociedade do século XXI exige uma escola sintonizada com o futuro e com as suas transformações.
É neste momento que todos nós devemos valorizar uma prática pedagógica onde os conteúdos escolares constituam articulações entre diferentes disciplinas e onde a interação entre teoria e prática possibilite verdadeiramente a identificação entre o vivido e o estudado.
A escola deve passar a apresentar a realidade ao aluno como um todo e complexa como realmente ela é, e não dividida em áreas do conhecimento, cada qual seguindo seu próprio caminho, muitas vezes desencontradas, retalhando o mundo em que vivemos. Precisamos substituir a visão compartimentada pela visão unitária do ser humano (Fazenda, 1997) e por conseqüência, formar nosso aluno como um ser humano pleno, íntegro, uno, participativo, cidadão do mundo; alunos capazes de interagir com a sociedade em que vivemos numa postura empreendedora, crítica e responsável.
E como forma de suprir todos os pontos acima descritos apontamos a prática interdisciplinar utilizando projetos de trabalho, por julgá-la eficiente para dar conta de todos esses aspectos, propondo metas e soluções possíveis, em sala de aula e na comunidade em que vivem.
Trabalhar com projetos interdisciplinares constitui uma estratégia poderosa para construir uma nova escola com uma educação que constantemente convide seus alunos para refletirem sobre sua própria realidade. A partir dessa análise eles passam a se situar no mundo em que vivem de forma crítica.
Passam a lidar com a enxurrada de informações que recebem diariamente depurando-as, criticando-as e trocando-as com o outro. Nessa troca eles passam a respeitar e a aceitar o pensamento alheio, transformando e reconstruindo o conhecimento com o outro. Passam então a entender não somente o outro, mas o mundo em que vivem. É o individual aprendendo com o coletivo.
É um processo ensino-aprendizagem onde o aluno é retirado da passividade em que foi colocado, por nós mesmos professores e passa a agir e a se sentir sujeito do seu próprio conhecimento.
Mas não podemos visar a transformação do nosso aluno se nós professores continuarmos do jeitinho que estamos. Nós precisamos também nos transformar, pois afinal também passamos por essa mesma escola instrucionista e fragmentadora, chegando mesmo a nos formar como especialistas. Será que nós já nos sentimos sujeitos da nossa própria história e do nosso próprio conhecimento, somos autônomos e empreendedores, ou não?
Questionar qual o nosso papel dentro da escola é uma ação que deve ser feita constantemente. O que queremos atingir com o nosso trabalho? Que relação mantenho com meus alunos? O que desejo é compactuar com o modelo de ensino que aí está, ou desejo fazer algo diferente?
Com certeza ao responder alguma dessas questões ficaremos cientes que toda e qualquer mudança que venha a ocorrer na escola, tem que primeiro ocorrer em nós professores. O processo de transformação passa e parte de nós. Somos nós quem lidamos diretamente com os alunos.
É o nosso fazer pedagógico que vai fazer a diferença. Que estratégias diversas nós vamos estabelecer para alcançar nossa utopia?
Precisamos buscar novas formas, novas alternativas, analisar outras opiniões sobre a práxis de sala de aula. Precisamos estar abertos para a mudança. É preciso ousar e inovar, por mais difícil que isso pareça ser. É preciso que sejamos, antes de tudo, autônomos, criativos e críticos. Sim, nós professores!
Senão como incentivar essa postura no aluno se nós mesmos não a desenvolvemos? É preciso refazer o contrato social dentro da sala de aula. Como? Incluindo os saberes das comunidades onde nossos alunos vivem.
Isso vai sendo construído na interação entre professores, alunos, comunidade escolar, na eliminação das barreiras que nós mesmos impomos entre as pessoas. Caminhar juntos, descobrir junto com os alunos. Afinal “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (Freire, 1996, p. 25).
O processo ensino-aprendizagem com enfoque interdisciplinar desenvolve a autonomia do aluno, uma vez que estimula sua curiosidade para que através de uma busca constante de pesquisa ele procure cada vez mais informações, desenvolvendo assim suas competências; estabelece as relações entre teoria e prática para enfrentar as situações por ele vividas, transformando a realidade ao seu redor.
O enfoque interdisciplinar permite desenvolver a capacidade de iniciativa e de inovação de todos os envolvidos no processo, assim sendo, nos permite viver a educação como um processo permanente, ao longo de toda a vida.
É o desenvolvimento da autonomia em nossos alunos como forma de responder às transformações e exigências da sociedade em que vivemos. É o aprender a aprender. Situação bem diversa daquela que comentamos no início do nosso texto. Desenvolvida a sua autonomia, o aluno não se sente mais dependente de uma instituição escolar para aprimorar seus conhecimentos. Ele mesmo faz isso por intermédio de pesquisas e de busca de informações adicionais para ele construir seu conhecimento.
Paralelamente ao desenvolvimento de todo esse processo ensino-aprendizagem, muitos de nós passamos a ver no uso da informática a solução imediata para as transformações e mudanças necessárias para a inovação no sistema educacional. Afinal o computador é uma ferramenta poderosíssima, velocíssima, possuidora de todas as informações que tanto precisamos... Não é essa a impressão que temos?
Um aspecto de fundamental importância é esclarecer que a informática por si só não transforma ensino nenhum. A simples presença do computador na escola nada significa, pois ele sozinho nada faz. Muito pelo contrário, ele precisa sempre de alguém que decida que operações ele deve executar. O computador não decide nada. Ele só executa.