A Educação Como Estratégia de Inclusão; Desafios para o Educador

Ano 2002
 
NOME: Eliete Rodrigues do Nascimento Cargo: PII
CORREIO ELETRÔNICO: elietenascimento@uol.com.br
 
LOTAÇÃO: E.M. Barbara Ottoni
E/2ª CRE
 
 
EDUCAÇÃO INFANTIL E INCLUSÃO
 

Dentro do contexto da Educação Infantil acredito que podemos encontrar muitas alternativas e propostas concretas de inclusão. O ambiente é propício, a abordagem curricular das escolas de educação infantil pode favorecer plenamente as adaptações necessárias. As crianças atualmente convivem muito bem com as desigualdades sociais e com as diferenças. Estão mais abertas para o novo. A sociedade trabalha conceitos de cidadania e igualdade em todos os sentidos. Seja através da mídia, das organizações não governamentais, das campanhas públicas, a sociedade cada vez mais se mobiliza para a aceitação e o convívio com pessoas diferentes, pois todos nós somos diferentes, mesmo aqueles alunos que não são portadores de necessidades educacionais especiais são diferentes uns dos outros.
A escola é a instituição onde a construção desses conceitos deve ser bem trabalhados, questionado e vivenciado. Transformar a informação e a intenção em ação é um dos papéis da escola.
Os professores da rede pública convivem com situações de diferenças que contribuem para o desenvolvimento da atividade pedagógica. Com capacitações e condições de exercer um trabalho digno (apoio, aperfeiçoamento, adaptações curriculares, definição dos critérios de observação, reuniões periódicas com equipes técnicas) os professores tornam-se ainda mais capazes de enfrentar o desafio da inclusão.
O desafio maior está sendo conferido ao poder público pois os professores já vivem a prática da inclusão, ainda que nem sempre da forma ideal, nem sempre com as condições necessárias a um trabalho de excelente qualidade, mas não podemos ignorar que a inclusão já é uma realidade e que se desenvolve da forma como é possível mediante as circunstâncias de cada realidade escolar. É preciso que haja um direcionamento das ações de inclusão, tais como: disponibilidade de recursos financeiros, adaptações nos equipamentos físicos de todas as escolas, capacitação de professores e equipe pedagógica, implementação de tecnologia assistivas, facilitação de acessos, disponibilidade de recursos humanos, principalmente pessoal de apoio nas instituições (serventes, merendeiras, agentes educadores). Não se faz educação somente com investimentos físicos. Comprar computadores sem que se tenha recursos humanos disponíveis para desenvolver e implementar projetos de informática para a educação pode ser desperdício de verbas públicas.
Vivemos num meio urbano bombardeado por graves crises de violência social. A instituição escola, que até há algumas décadas atrás era considerada território intocável já não pode ser consideradas como tal. Como fazer para que pessoas, equipamentos, mobiliários e até mesmo a merenda escolar não sejam alvo da violência urbana? A reestruturação da equipe técnico-pedagócica se faz necessária para atender não só aos alunos portadores de necessidades educacionais especiais, mas a todos os alunos com qualidade. Manter professores, equipe técnica e pessoal de apoio bem qualificado e estimulado requer a realização de uma política salarial justa e humanitária, com plano de carreira que contemple os dispositivos previstos na Lei 9394/96 que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu artigo n°67.
As decisões de modificações que envolvem a estrutura física das escolas deve ser superior à própria escola, quando se tem um projeto maior de educação inclusiva. Se a arquitetura da escola não permite a mobilização de alunos portadores de deficiências físicas, por exemplo, cabe a gestão escolar quando lhe é conferida autonomia para gerir seus próprios recursos, ou ao poder público se empenhar para que as barreiras arquitetônicas não sejam impeditivos da inclusão. Para realizar estas e outras modificações necessárias, pode-se mobilizar equipes técnicas de outras áreas (psicologia, serviço social, fisioterapia etc) dentro dos quadros da prefeitura.
A inclusão deve ser pensada como um amplo conjunto de ações a serem implementadas e não restrita a permanência física do aluno na escola ou na sala de aula.