Dentro
do contexto da Educação Infantil acredito que podemos encontrar
muitas alternativas e propostas concretas de inclusão. O ambiente
é propício, a abordagem curricular das escolas de educação
infantil pode favorecer plenamente as adaptações necessárias.
As crianças atualmente convivem muito bem com as desigualdades
sociais e com as diferenças. Estão mais abertas para o novo.
A sociedade trabalha conceitos de cidadania e igualdade em todos os sentidos.
Seja através da mídia, das organizações não
governamentais, das campanhas públicas, a sociedade cada vez mais
se mobiliza para a aceitação e o convívio com pessoas
diferentes, pois todos nós somos diferentes, mesmo aqueles alunos
que não são portadores de necessidades educacionais especiais
são diferentes uns dos outros.
A escola é a instituição onde a construção
desses conceitos deve ser bem trabalhados, questionado e vivenciado. Transformar
a informação e a intenção em ação
é um dos papéis da escola.
Os professores da rede pública convivem com situações
de diferenças que contribuem para o desenvolvimento da atividade
pedagógica. Com capacitações e condições
de exercer um trabalho digno (apoio, aperfeiçoamento, adaptações
curriculares, definição dos critérios de observação,
reuniões periódicas com equipes técnicas) os professores
tornam-se ainda mais capazes de enfrentar o desafio da inclusão.
O desafio maior está sendo conferido ao poder público pois
os professores já vivem a prática da inclusão, ainda
que nem sempre da forma ideal, nem sempre com as condições
necessárias a um trabalho de excelente qualidade, mas não
podemos ignorar que a inclusão já é uma realidade
e que se desenvolve da forma como é possível mediante as
circunstâncias de cada realidade escolar. É preciso que haja
um direcionamento das ações de inclusão, tais como:
disponibilidade de recursos financeiros, adaptações nos
equipamentos físicos de todas as escolas, capacitação
de professores e equipe pedagógica, implementação
de tecnologia assistivas, facilitação de acessos, disponibilidade
de recursos humanos, principalmente pessoal de apoio nas instituições
(serventes, merendeiras, agentes educadores). Não se faz educação
somente com investimentos físicos. Comprar computadores sem que
se tenha recursos humanos disponíveis para desenvolver e implementar
projetos de informática para a educação pode ser
desperdício de verbas públicas.
Vivemos num meio urbano bombardeado por graves crises de violência
social. A instituição escola, que até há algumas
décadas atrás era considerada território intocável
já não pode ser consideradas como tal. Como fazer para que
pessoas, equipamentos, mobiliários e até mesmo a merenda
escolar não sejam alvo da violência urbana? A reestruturação
da equipe técnico-pedagócica se faz necessária para
atender não só aos alunos portadores de necessidades educacionais
especiais, mas a todos os alunos com qualidade. Manter professores, equipe
técnica e pessoal de apoio bem qualificado e estimulado requer
a realização de uma política salarial justa e humanitária,
com plano de carreira que contemple os dispositivos previstos na Lei 9394/96
que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
no seu artigo n°67.
As decisões de modificações que envolvem a estrutura
física das escolas deve ser superior à própria escola,
quando se tem um projeto maior de educação inclusiva. Se
a arquitetura da escola não permite a mobilização
de alunos portadores de deficiências físicas, por exemplo,
cabe a gestão escolar quando lhe é conferida autonomia para
gerir seus próprios recursos, ou ao poder público se empenhar
para que as barreiras arquitetônicas não sejam impeditivos
da inclusão. Para realizar estas e outras modificações
necessárias, pode-se mobilizar equipes técnicas de outras
áreas (psicologia, serviço social, fisioterapia etc) dentro
dos quadros da prefeitura.
A inclusão deve ser pensada como um amplo conjunto de ações
a serem implementadas e não restrita a permanência física
do aluno na escola ou na sala de aula.
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