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EXPOSIÇÃO "UM RIO DE EDUCAÇÃO - JOGOS PAN-AMERICANOS"

Entrevista com o Professor Enio Dias Junior, no dia 25 de maio de 2007, às 14h e 55min.

Professor de Educação Física da Casa da Criança Professora Rosa Maria Alves de Oliveira, em Santa Cruz, (10ª Coordenadoria Regional de Educação) e da Escola Municipal Jardim Glaucia no Município de Belford Roxo.
Mestre em Ciência da Motricidade Humana na Universidade Castelo Branco.

 

FRASES

“O esporte, na realidade, tem normas e regras.”


“A pessoa tem que participar da atividade sabendo que se errar compromete a equipe.”


“A competição faz parte da vida do ser humano.”


“A derrota e a vitória fazem parte da vida.”

 

ENTREVISTA

1) Qual a importância da Educação Fisica para promover a inclusão de adolescentes com “suposto transtorno de conduta social”?

A importância da Educação Física para esses adolescentes está em preencher, positivamente, uma carência existencial relacionada às dificuldades de integração a normas e regras de convivência social.

 

2) Que tipo de trabalho você desenvolve que exemplifiqua a integração desses jovens?
A partir das dificuldades, nós elaboramos as aulas e, com isso, percebemos, a partir do conhecimento, as diversas carências de natureza existencial desses adolescentes de modo a preenchê-las com práticas esportivas e atividades.

 

3) Exemplifique uma prática desenvolvida no dia-a-dia em sala de aula?

A utilização da quadra esportiva possibilita o desenvolvimento de diversas capacidades. Por exemplo: o “Futepar”, onde os alunos jogam futebol em par. As regras de futebol são as mesmas, só que eles jogam em dupla.

 

4) É uma dupla contra a outra?

Não, as equipes são formadas por duplas. São várias duplas formando uma equipe e outras duplas do outro lado.

 

5) Até o goleiro é em dupla?

Não, o goleiro é um só. Até porque ninguém ia conseguir fazer gol.
Isso permite que os alunos vivenciem a dificuldade de jogar com um outro colega, principalmente, quando o professor coloca um menino com uma menina. Eles têm que vencer uma certa barreira: dar as mãos.

 

6) Existe uma maneira de mantê-los juntos?

Sim. Eles devem ficar de mãos dadas ou de braços dados. Existem as dificuldades. Jogar com menina, já começa a primeira guerra.
Uma das regras é a troca de equipe. Aquela que marcou gol troca com a que tomou o gol. Isso faz com que vivenciem a derrota e a vitória.

 

7) Com que faixa etária você trabalha essa atividade?

Com qualquer uma. Essa atividade cooperativa permite essa vivência. No final da aula, voltamos para conversar sobre as dificuldades encontradas. Como eles poderiam estar solucionando essas dificuldades.

 

8) Como você avalia as políticas públicas voltadas para o incentivo de esportes como os praticados nos Clubes Escolares e Vilas Olímpicas?

São de grande valor. Eles estão voltados para preencher carências de diversas naturezas do homem, como por exemplo: biofísica, biossocial, biopsíquica e biomoral.



9) O que você está querendo dizer é que não é praticar esporte pelo esporte?

Justamente. A prática do esporte tem que estar dentro do contexto, de entendermos bem o desenvolvimento humano para que as aulas sejam ministradas para esse cliente.
O futebol é uma atividade, é um jogo cooperativo e competitivo. São onze jogadores; se não houver colaboração, não dá certo.

 

10) Você sempre discute essa questão com os alunos?

Sim. Precisa haver um debate, uma reflexão sobre as faltas; trocar com os alunos quando você apita muito no jogo por causa do número de faltas. É preciso seguir as regras da modalidade esportiva.
Os alunos muitas vezes pedem para deixar rolar a bola. Não pode. Nós temos que educar por meio da atividade física. Caso contrário, vale tudo. Não é o que queremos.
Quando o aluno reclama muito, eu digo “OK”, você vai ser o árbitro a partir de agora. Trocar de posição para você ver como é difícil ficar na posição do outro, daquele que está apitando, daquele que você excluiu, porque não é bom de bola, porque não é seu amigo. Ele exclui na hora de formar a equipe. A discussão permite essa vivência. Se o professor tiver oportunidade de participar com os alunos, no jogo, é melhor ainda, pois o professor pode reclamar com o aluno que toda hora reclama.
No final da atividade, temos que retomar à reflexão. Como é que foi para você ficar na posição do outro? Como é que é você se sente quando está numa posição da qual você não gosta de jogar? Tem que haver uma troca de papéis.

 

11) O Município do Rio, como sede dos Jogos Pan-Americanos, pode contribuir para o investimento na prática esportiva? Vai ficar algum legado?

Sem dúvida, vai ficar um legado. Quando o Brasil foi campeão de voleibol, todo mundo foi para rua jogar vôlei. Ao perceberem isso, os governantes começaram a dar importância a outras modalidades, que não só o futebol. A garotada começou a botar a rede na rua e jogar voleibol.
Acho isso muito importante. Mas não é só jogar bola, tem que haver um direcionamento, um algo mais, além de muita disciplina.
O esporte, na realidade, tem normas e regras. A pessoa tem que participar da atividade sabendo que se errar compromete a equipe. Ele pode ser expulso ou punido com falta.
O aluno tem que entender que temos normas na nossa vida, no nosso cotidiano. O esporte ensina isso.

 

12) Vamos falar um pouco mais sobre a derrota e a vitória. Como é que o desportista trabalha essas questões?

A competição faz parte da vida do ser humano. A derrota e a vitória fazem parte da vida. Se a pessoa não tiver equilíbrio biossocial, biopsíquico, biomoral e biofísico não estará preparada para as perdas. Por isso, o esporte é fundamental, pois permite a aceitação da vitória e do fracasso. A perda numa competição, por uma fração de segundos, a partir do momento em que o atleta levou anos de treinamento, é terrivel. Esses atletas sofrem muito. Veja a atleta de ginástica; veja o pé dela: cheio de deformidades e calos. Tudo tem um custo imenso.
Para esses meninos que têm dificuldade na vida, tudo é mais difícil. Quem não tem dificuldade?
Vai conversar com uma atleta, vai ver quanto tempo ela fica ali pulando, fratura um pé e tem que dançar com dor, sorrindo.
Há momentos de solidariedade: os espectadores veem o atleta chegando, com esforço, até o final, mesmo perdendo. Mas, lutou até o fim.

 

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