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ESCOLAS DA FUNDAÇÃO OTÁVIO MANGABEIRA (FOM)

 

Entrevista com o Professor Gilvan Nóbrega dos Santos, no dia 24 de novembro de 2004.

Licenciado em História, pela Universidade Federal Fluminense.
Mestre em Educação pela mesma Instituição.
Professor da Rede Municipal do Rio de Janeiro, desde 1991.

FRASES

“A FOM era uma entidade privada, funcionando com recursos oriundos de empresas privadas e recebia ainda subvenções federais e estaduais”


"Lacerda foi um desses - acenavam para a necessidade de expansão do ensino público"


“Já como governador, ele cria a FOM para, nas palavras dele, [construir escolas e mais escolas]".


“Essas escolas teriam curta durabilidade”

 

ENTREVISTA

Para que foi criada a Fundação Otávio Mangabeira, no Governo Lacerda?

A Fundação Otávio Mangabeira nasceu em 1961. Era uma entidade privada, funcionando com recursos oriundos de empresas privadas e recebia ainda subvenções federais e estaduais. Ela possuía um único objetivo: construir escolas públicas no Estado da Guanabara, a baixo custo, e em um breve espaço de tempo, para atender a uma possível demanda das camadas mais humildes. Digo possível demanda, pois, embora tendo um considerável aumento da população carioca na década de 50, o governo e a mídia fizeram um esforço para convencer a população da importância do acesso escolar. Lembramos que nas décadas anteriores a 1960, boa parte da população de menor renda era alijada da educação escolar. Lacerda, hoje, é lembrado como aquele que popularizou o acesso das camadas sociais mais baixas à Educação Pública.


Qual era a principal meta do governo Lacerda em relação à Educação e como ela se relaciona com as escolas da FOM?

No início de 1960, jornais cariocas mostravam filas por vagas no ensino público. A imprensa e alguns políticos – Lacerda foi um desses - acenavam para a necessidade de expansão do ensino público. Na campanha para governador, Lacerda prometeu expandir a rede escolar. Já como governador, ele cria a FOM para, nas palavras dele, “construir escolas e mais escolas”. Assim podemos entender a opção inicial da FOM em construir escolas pré-fabricadas, cuja montagem era rápida. Essas escolas teriam curta durabilidade, porém dariam tempo à Secretaria de Educação e Cultura de se estruturar para construir escolas mais resistentes ao tempo. Outro fator a ser considerado é a eleição presidencial de 1965, na qual Lacerda, candidato em potencial pela UDN, deveria enfrentar o deputado Leonel Brizola do PTB, que afirmava ter resolvido o déficit escolar no Rio Grande do Sul em seu governo. Pela FOM, Lacerda construiu 66 escolas, e pela Secretaria de Educação e Cultura, 138, num total de 204 escolas.


De que maneira os locais para a construção das escolas eram escolhidos?

Quem determinava o local de construção das escolas no Estado da Guanabara era a Secretaria de Educação e Cultura. Em muitos casos, fazia-se a escolha em atendimento aos pedidos de deputados para seus redutos. Eles alegavam a falta de vagas, o grande número de moradores, o longo deslocamento dos alunos até a escola mais próxima e dificuldades no transporte. Após definir-se o bairro, via de regra, a escola era levantada em um terreno visível aos olhos da população. Pode-se supor que as escolas funcionavam como "outdoor" da atuação de Lacerda na Educação. Em minhas pesquisas, encontrei 18 praças que deram lugar à construção de escolas da FOM. Outro exemplo nesse sentido, é a Escola Municipal Castelnuovo, erguida no Posto Seis, em Copacabana, em terreno doado pelo Exército.

Qual o posicionamento do Poder Legislativo frente à expansão da rede pública de escolas nesse período?

O Legislativo, obviamente, era favorável à democratização do acesso escolar. A situação enaltecia as inaugurações de escolas, colocando o governador como um homem preocupado com a Educação, elemento imprescindível à democracia. Dessa maneira, a situação ia se apropriando das realizações na área de construção escolar. Já a oposição cobrava maior rapidez na entrega de escolas, referindo-se às promessas de campanha de Lacerda. Porém, não se observava preocupação com a democratização da Educação, no sentido de ensino igual para todos, ou de melhoria na qualidade. Os alunos das camadas médias já vinham sendo atendidos satisfatoriamente pelos governos anteriores. A novidade era a chegada à rede de ensino de muitos alunos das camadas humildes. A esses, aplicava-se o lema da FOM: “antes mal atendidos do que totalmente desamparados”. Ou falas de deputados como “um barracão onde as crianças mais humildes aprenderão as primeiras letras”, “ali estão os trabalhadores de amanhã”.


É possível afirmar que no Governo Lacerda, em relação às decisões sobre a expansão da rede escolar, houve o predomínio do Executivo sobre o Legislativo?

Sim, é visível nos discursos parlamentares relacionados à expansão da Educação, contra ou a favor das ações do Executivo, o fato de estarem atrelados a ações do governo Lacerda, tais como a construção de escolas, a adoção do terceiro turno, apoio ao ensino privado de nível médio, etc. Não observamos propostas legislativas alheias às medidas do Executivo. O Legislativo ia a reboque do Executivo na área da Educação, tendência que foi se repetindo nos governos que sucederam Lacerda.

 

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