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HISTÓRIA ORAL

Entrevista com a Professora Verena Alberti, no dia 09 de outubro de 2007, às 18h e 12min.

Doutora em Teoria da Literatura pela Universidade de Siegen, Alemanha. Mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pesquisadora do Programa de História Oral do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas - CPDOC, leciona História na Escola Alemã Corcovado.
Autora dos livros: O riso e o risível na história do pensamento (1999, 2002), Manual de história oral (2004), e Ouvir contar: textos em história oral (2004).

 

FRASES

“Antigamente, dizia-se que uma entrevista de história oral estava imbuída de subjetividade e que o entrevistado poderia "distorcer" a realidade. Hoje já se considera a subjetividade e a própria "distorção" da realidade como objetos importantes para o estudo da história e das representações do passado.”

“Na época era importante entender as redes de relação e a formação de diferentes setores da elite brasileira - intelectual, política, militar, tecnocrática, ocupando cargos no governo ou atuando na oposição - para compreender como tínhamos chegado ao estado de exceção implantado em 1964.”

“Hoje em dia, um programa de história oral tem que estar muito mais "antenado" com as mudanças tecnológicas do que há algumas décadas.”

“Quem trabalha com essa metodologia tem que estar aberto a discutir...”

 

ENTREVISTA

1) A história oral é uma metodologia nova, por isso, ainda encontra resistência em alguns setores da historiografia. Como você responde a essas dúvidas?

Há algumas décadas, os pesquisadores que utilizavam a metodologia da história oral eram bastante criticados na academia, especialmente nos departamentos de história. Hoje podemos dizer que, pelo menos no que diz respeito ao Brasil, os departamentos de história passaram a incorporar a reflexão a respeito das questões relacionadas à história oral, como a história da memória e os usos da biografia no estudo do passado, por exemplo. Antigamente, dizia-se que uma entrevista de história oral estava imbuída de subjetividade e que o entrevistado poderia "distorcer" a realidade. Hoje já se considera a subjetividade e a própria "distorção" da realidade como objetos importantes para o estudo da história e das representações do passado.

 

2) O CPDOC é uma referência em história oral. Como aconteceu o processo de implantação dessa metodologia na Fundação Getúlio Vargas?

O Programa de História Oral do CPDOC foi fundado em 1975, com um projeto inicial chamado "Trajetória e desempenho das elites políticas brasileiras". Na época era importante entender as redes de relação e a formação de diferentes setores da elite brasileira - intelectual, política, militar, tecnocrática, ocupando cargos no governo ou atuando na oposição - para compreender como tínhamos chegado ao estado de exceção implantado em 1964. Com o tempo, os projetos foram se diversificando e hoje já contamos com mais de cinco mil horas de entrevistas gravadas, que correspondem a mais de mil entrevistas, tanto com esse segmento das elites, que continua fazendo parte de nosso acervo, como com novas lideranças políticas e atores sociais, como líderes comunitários, lideranças trabalhistas ou militantes do movimento negro, por exemplo. Informações sobre o acervo e sobre a história do programa podem ser obtidas no Portal do CPDOC: www.cpdoc.fgv.br.

 

3) As universidades já introduziram a disciplina de história oral?

Sim, conforme observado na minha resposta à primeira pergunta, os departamentos de história e de outras disciplinas das ciências humanas já estão oferecendo cursos de história oral, tanto na graduação como na pós-graduação. O próprio CPDOC oferece disciplinas de história oral em sua graduação de Ciências Sociais, em seu mestrado profissionalizante em Bens Culturais e Projetos Sociais e em seu mestrado acadêmico e seu doutorado em História.

 

4) Novas tecnologias são incorporadas à metodologia de história oral? Como?

A questão das novas tecnologias é muito importante. Hoje em dia, um programa de história oral tem que estar muito mais "antenado" com as mudanças tecnológicas do que há algumas décadas. No início da implantação do Programa de História Oral, seguíamos o que havia de mais moderno em termos de gravação e registrávamos as entrevistas em fita cassete e em fita de rolo. Sempre é necessário fazer cópias de segurança do acervo constituído. Hoje, contudo, os gravadores de rolo já sumiram do mercado e, em pouco tempo, o mesmo acontecerá com os gravadores cassete. Um programa de história oral que se implanta hoje em dia certamente já começará trabalhando com a tecnologia digital. Mas mesmo aí é preciso cuidado. Há recomendações, das instituições internacionais de preservação sonora e audiovisual, de só trabalhar com formatos não comprimidos (ou seja, nada de mp3) e de processar constantemente a migração do acervo para formatos mais novos, antes que os antigos se tornem obsoletos.

 

5) Fica a seu critério fazer qualquer outro comentário sobre o assunto.

A história oral é realmente um mundo muito amplo. Quem trabalha com essa metodologia tem que estar aberto a discutir desde questões tecnológicas, passando por todas as tarefas de disponibilização da fonte oral para o público (o tratamento da entrevista, sua indexação etc.), até questões mais teórico-metodológicas, como discutir o estatuto da memória ou pensar nas implicações de um trabalho baseado em histórias de vida.

 

Portal do CPDOC: http://www.cpdoc.fgv.br

 

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